“Uma banda associada a uma marca atribui um vínculo emocional que permite captar uma maior atenção do consumidor”. Quem o diz é Fernando Gaspar Barros, moderador do debate que contou com a participação de algumas personalidades portuenses. No entanto, para Manuela Azevedo dos Clã, a música e a publicidade não nasceram juntas. Para a artista, a música sobreviveu a várias “idades do gelo“.

As bandas têm vantagens em estar associadas a marcas, mas segundo Vasco Espinheira, deve existir uma coerência entre as duas entidades. A relação que as une vai mais além da questão monetária. De acordo com o membro dos Blind Zero trata-se mais de uma questão de comunicação. “Tem de haver uma relação de verdade e simplicidade entre a banda e a marca”, disse.

Hélder Gonçalves, dos Clã, lembra que os músicos não se devem deixar levar pela visibilidade que os anúncios publicitários lhes oferecem. O sucesso depende, segundo o artista, da identidade musical e pessoal que caracteriza a banda.

Na conferência, que decorreu durante a tarde de ontem na Biblioteca Almeida Garret, houve também espaço para debater o estado da cultura portuguesa. Os oradores chamaram a atenção para o facto do advento da internet lhes ter trazido mais visibilidade mas menos lucro. Os downloads e as visualizações dos videoclips substituiram a tradicional compra de cds – a maior fonte de rendimento dos artistas.

Ainda que não haja solução à vista para este problema, Daniel Deusdado da Farol de Ideias, propõe a criação de micropagamentos, onde os consumidores tenham liberdade para pagar o que entendem por determinada música. “Só assim as pessoas darão valor à cultura”, diz.

Mesmo assim, os artistas presentes na conferência asseguram que a cultura nunca vai acabar. Para eles, o importante é fazer aquilo que gostam seja num estádio a “abarrotar de gente” seja nos corredores do metro.