Com a dificuldade económica e financeira que o país atravessa, já é recorrente ver estudantes - em prol de conseguirem frequentar o ensino superior - recorrerem ao financiamento universitário das instituições bancárias.

O montante do crédito pode variar entre os mil e cinco mil euros por ano letivo, com um valor máximo de 25 mil euros – salvo eventuais exceções, nomeadamente para estudantes de doutoramento e pós doutoramento.

Contactada pelo JPN, fonte do Ministério da Ciência e Ensino Superior explica que o prazo de utilização do crédito a jovens universitários “pode variar entre um e cinco anos, consoante a duração do curso”. Já o prazo de reembolso do empréstimo é determinado pelo dobro de duração do curso. Ou seja, a conclusão do reembolso pode variar, assim, entre 12 e 16 anos.

A mesma fonte garante que a “taxa de juro é fixa para o prazo total do contrato”, com um spread máximo de 1,0%. Para os estudantes com classificação média anual entre 14 e 15 valores “o valor do spread é reduzido em 0,35%” e para os que tem uma média igual ou superior a 16 valores, é de 0,8%.

O percalço de 2011

A linha de crédito a jovens universitários, que existe desde 2007, esteve interrompida durante 2011 porque o anterior Governo, liderado por José Sócrates, não entregou os 10% que o Estado comparticipa e que a Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua gere.

Segundo o banco Santander Totta, a documentação apresentada ao cliente é “detalhada sobre o produto, e é entregue em simultâneo com a simulação do crédito”. Essa mesma documentação apresenta ainda, “detalhadamente, o valor das taxas de juros, spreads e comissões”.

“Mais de 800 créditos foram concedidos”

Para a contração do empréstimo “não é exigido ao estudante qualquer tipo de aval ou de garantia patrimonial”, acrescenta a fonte do Ministério da Ciência e do Ensino Superior. As várias instituições bancárias associadas a estes empréstimos “definem o investimento que vão fazer mediante a procura que acham que vão ter”, sustenta.

O banco Santander Totta, instituição que trabalha em parceria com algumas universidades do país, é líder na atribuição de empréstimos a jovens universitários, tendo já atribuido mais de 800 créditos na linha do Ensino Superior com garantia mútua, o que equivale a um montante de 10,3 milhões de euros.

“A percentagem de incumprimento nestes empréstimos é reduzido” afirma o banco Santander totta, embora “este número tenha vindo a aumentar”, dado a envolvente económica. Estes empréstimos são ainda mais procurados durante as licenciaturas e mestrados integrados.

“Fiz o empréstimo para poder viver noutro país”

Ana Basto contraiu um empréstimo universitário em 2010, “como objetivo de ir de Erasmus para a Áustria”. Embora já estudasse há dois anos no ensino superior, Ana reconhece que só fez o empréstimo “para poder estar a viver seis meses noutro país”.

Quando questionada sobre o fato de ser bem informada, a jovem garante que a instituição bancária lhe forneceu toda a informação que precisava. “Foram muito explícitos”, garante.

Ana Basto só acaba de pagar o empréstimo “em abril deste ano” mas, apesar da situação económico-financeiro que Portugal atravessa, a estudante nunca achou “que não ia conseguir pagar o empréstimo”. Admite, no entanto, que houve meses em que se atrasou “a depositar o dinheiro na conta”.