A viúva negra europeia (Latrodectus tredecimguttatus) e a aranha-violino (loxosceles rufescens) são os dois tipos de aranhas existentes em Portugal que mais fazem tremer os aracnofóbicos. Ambas possuem veneno, que usam para capturar as suas presas.

“Em teoria, a mordedura da viúva negra europeia pode afetar o sistema nervoso central, causando espasmos ou problemas respiratórios, enquanto uma picada de uma aranha-violino pode causar necroses, mas não haverá casos cientificamente comprovados no nosso país”, explica o biólogo Luís Crespo.

Ainda assim, nada comparado com o que podem fazer as suas “primas” nos Estados Unidos, como a viúva-negra-americana (Latrodectus mactans), ou na América Latina, por exemplo, as aranhas-armadeiras (Phoneutria).

Das cerca de 800 espécies conhecidas em Portugal, aquelas são as únicas suscetíveis de causar algum problema de saúde. Ao todo, há mais de 43 mil espécies de aranhas conhecidas a nível mundial, agrupadas em mais de 100 famílias. Apenas 266 espécies (Uloboridae) não têm glândulas de veneno. Apesar disso, Luís Crespo acha que a aracnofobia é, muitas vezes, “infundada”.

Aranha-pavão?


Na Austrália, há uma espécie muito peculiar de aranha: a aranha-pavão, cujo abdómen tem cores iridescentes, o que a torna particularmente exuberante.

Os pandas também são peludos “e as pessoas acham-lhes muito mais piada”

“A probabilidade de sermos picados por uma aranha é baixíssima. A maior parte das aranhas não é agressiva, apenas se defende de uma ameaça. O medo pode associar-se ao desconhecimento. Se colocarmos as aranhas ao lado de outros animais, os cães são muito mais perigosos”, diz.

As aranhas também estão associadas à ideia de sujidade e a características repulsivas. As tarântulas (Theraphosidae), pelo seu tamanho e pelo facto de terem muitos pêlos, são das mais receadas, embora sejam “pacatas”. Aliás, “se pensarmos nos coalas e nos pandas, são animais muito peludos e as pessoas acham-lhes muito mais piada”, refere.

De referir que as aranhas são aracnídeos e não insetos, como muita gente pensa. “Uma maneira bastante simples de as diferenciar dos insetos é pelo número de patas: as aranhas têm quatro pares de patas e os insetos só têm três. Tal como os insetos, porém, as aranhas são artrópodes, isto é, têm o corpo dividido por segmentos, pelo que facilmente podem ser confundidas. Os insetos têm três secções corporais distintas (cabeça, tórax e abdómen) e as aranhas só têm dois (cefalotórax e abdómen)”, esclarece.