São 17h e está uma tarde agradável no Porto. Ao longe, ouvem-se barulhos estranhos à rotina citadina. Uma banda sonora da cidade, feita por um grupo de pessoas que não se conhecem, mas caminham juntas com altifalantes na mão. A ideia – “A Folded Path” – é do coletivo internacional Circumstance, que veio até Portugal a convite do Serralves em Festa, que este ano começou mais cedo e com atividades na Baixa.

As pequenas caixas têm altifalantes, um pequeno computador com os sons e localização GPS, de modo a que a melodia mude conforme o local. O objetivo é “fazer as cidades parecerem filmes”, “recriar o cinema nas ruas” e “fazer as pessoas prestarem mais atenção ao mundo”, explica Duncan Speakman, do coletivo.

Para Sara Anderson, que também já levou a experiência a cerca de dez cidades, o mais interessante é “a reação das pessoas que passam na rua”. No Porto, foram “muito curiosas e nunca se mostraram intimidadas”, diz. “Ninguém nos atirou nada, o que é bom”, brinca. O que é certo, diz, é que cada cidade “tem a sua personalidade”.

Quem participou, diz que é imperdível. “É como estar numa nuvem de som com pessoas que não conheces, a caminhar juntas. De alguma forma, o som separa-te do resto. Ainda consegues ouvir a estrada, mas estás como que numa bolha. É quase como andar de auscultadores na rua, mas ainda assim muito diferente”, descreve Laura. É isto.