Foi esta sexta-feira aprovado o relatório e contas da Metro do Porto, relativo a 2012. Tendo em conta que se tratavam dos números correspondentes ao período em que a empresa completou dez anos de existência, era um documento especialmente aguardado.

Desta forma, os dados que mais se destacam de entre os vários valores apresentados têm a ver com o prejuízo que a Metro do Porto desenvolveu ao longo do ano passado: 491,4 milhões de euros. Todavia, a transportadora prefere realçar, no seu site, que o “exercício fica marcado pela significativa redução dos custos operacionais (menos 7,8 por cento), pelo aumento das receitas (mais 8,5 por cento), e pela sustentação da procura”, em relação a 2011.

Além disso, é dado um especial destaque aos resultados líquidos antes de calculados os juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA), que se traduz em 3,9 milhões de euros positivos. O pior cenário surge quando o EBITDA é calculado, que transforma estes resultados líquidos de 2012 em 491,4 milhões de euros negativos.

Fim de ciclo

João Velez Carvalho considera que o “exercício de 2012 encerra um ciclo”. “Agora, sobre os sucessos do passado, que queremos manter, impõe-se-nos os desafios do desenvolvimento e da sustentabilidade”, afirma o responsável.

João Velez Carvalho, presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, refere, no relatório e contas da empresa [PDF], que estes mesmos valores “continuam a evidenciar a ausência de contrapartidas pela utilização do investimento realizado, a necessidade da criação de provisões para reposição de todos os equipamentos cuja vida útil seja inferior ao período da concessão, a entrega em normais condições de uso a custo zero de todo o aparelho produtivo no final desta, o financiamento do investimento com 74% de capital alheio e os efeitos dos contratos de derivados financeiros celebrados em anos anteriores”.

Números “influenciados” pela conjuntura económica

Apesar de tudo, Velez de Carvalho relembra que 2012 foi um ano “influenciado pela instabilidade e ausência de crescimento na Zona Euro e pelos efeitos restritivos das medidas de correção dos desequilíbrios financeiros da economia resultantes do programa
de assistência celebrado com o Fundo Monetário Internacional”.

Além disso, o presidente do Conselho de Admninistração aproveita para expor os números positivos que a Metro do Porto alcançou no ano do seu décimo aniversário: “percorreu 50
milhões de quilómetros, transportou 400 milhões de passageiros, evitou 30 milhões de deslocações em automóvel e criou 500 mil metros quadrados de zonas verdes”.

No entanto, a transportadora não ignora que a procura, em 2012, “situou-se nos 54,5 milhões de clientes (menos 2,2 por cento face a 2011 (…))”. Ainda assim, refere que se trata de “um valor muito reduzido quando comparado com a quebra global na procura sentida pela generalidade dos operadores de transportes públicos portugueses”.