Estava previsto que, com o outono, chegasse uma nova vida para a Casa das Artes, nos jardins do Palacete Visconde de Vilar D’Allen. As expectativas confirmaram-se e agora, a reabertura, há muito esperada, já tem data: 17 de outubro.

Esta quinta-feira, depois de quase uma década desativada e sete anos de portas cerradas [ver caixa], a Casa das Artes volta a fazer parte do roteiro cultural da cidade. Com uma programação própria e diversificada, para chegar a todos, vai incluir exposições, teatros, simpósios e debates.

História

A Casa das Artes, inaugurada em 1991, é um dos edifícios mais emblemáticos do arquiteto portuense Eduardo Souto de Moura – valeu-lhe o primeiro prémio da sua carreira, um Secil. Faz parte dos jardins do Palacete Visconde de Vilar D’Allen, na zona do Campo Alegre, e é atualmente gerida pela Direcção Regional de Cultura do Norte, depois de quase dez anos inativa. O encerramento definitivo deveu-se à degradação: em 2004, os tetos dos auditórios (com capacidade para 200 pessoas cada) caíram parcialmente. Agora são completamente novos. A requalificação dos dois pisos que compõem a Casa das Artes ficou por 300 mil euros (50 mil serviram para a compra de um projetor de cinema digital).

A inauguração do espaço é feita sem festa pelos que marcarão presença, às 09h, no seminário internacional “Património Cultural: Economia e Emprego”, organizado pela Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), que agora gere o edifício. Só às 18h30, sem grande pompa, o espaço conta com a presença do secretário de estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, ao som do jazz da Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo (ESMAE).

Na sexta-feira, às 17h, é lançado o livro “Zero à Esquerda” de Manuel Jorge Marmelo. Mas a manhã começa com a apresentação de um filme: “Limite“, do brasileiro Mário Peixoto, leva o cinema à renovada Casa das Artes. Ainda assim, a obra surge no âmbito do colóquio “Meu tempo é quando: nos 100 anos de Vinicius de Moraes” organizado pelo Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa (ILCML). O cinema puro e duro, só lá para novembro.

Sessões semanais de cinema a cargo do Cineclube

É que a Casa das Artes tem uma sala vocacionada para o cinema (chegou-se mesmo a dizer de que receberia um pólo da Cinemateca) e um contrato com o Cineclube do Porto em vista, que inclui a realização de três sessões de cinema semanais. A programação até já está delineada: às quartas-feiras à noite são dedicadas ao cinema português, com direito a debates e até a presença do realizador. À quinta-feira a noite, é dia de “filmes de referência” e, ao sábado à tarde, sessões para a família. Os preços devem rondar os três euros.

Paula Silva, no entanto, não arrisca datas com os jornalistas e garante que o objetivo não é só apostar no cinema, mas nas “artes todas”. Assim, a programação vai ser variada e essencialmente assegurada pela DCRN, mas o espaço também está pronto para receber iniciativas de outras instituições, garante. Exemplo disso é o um seminário internacional “A Cidade resgatada, reabilitar a cidade (re) desenhando-a“, organizado pela Ordem dos Arquitectos – SRNorte, que acontece a 24 de outubro.