David Pontes, Abel Coentrão e Isabel Cunha estiveram, esta quinta-feira, no pólo de Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras (FLUP) da Universidade do Porto (UP), para participarem num painel sobre o tema “Profissionais na proximidade”.

A primeira oradora foi a jornalista da Antena 1. Numa declaração curta, mas incisiva, a editora do “Portugal em Direto” deu o exemplo deste programa para realçar o valor-notícia que o
jornalismo regional tem na divulgação das pequenas histórias: “Sempre achei que a pequena
notícia era tão válida como uma declaração do primeiro-ministro”, destacou.

A jornalista destacou as alterações que o programa sofreu nos últimos anos, até chegar a um modelo de “espelho”: “A Direção de Informação tornou o programa num produto nacional. O programa foi reformulado, transformando-o numa espécie de ‘espelho’. Assim, a equipa agora propõe um tema de cariz nacional, tenta fazer o retrato do problema nas diversas regiões do país”.

Abel Coentrão foi o segundo jornalista a discursar, destacando a falta de financiamento do mercado publicitário como uma das razões principais para a diminuição de qualidade no “jornalismo de proximidade”. Desta forma, o jornalista do Público realçou a possibilidade
de existir cada vez menos “pluralidade” na atividade: “Atualmente, a informação sofre de
autocondicionamento. Aparentemente não há censura, mas existe, de facto, uma autocensura
pelo receio que temos de perder algum financiamento se explorarmos alguns temas”, destacou.

Finalmente, David Pontes, do Porto 24 e da Agência Lusa, acredita que não existem grandes diferenças entre o jornalismo internacional e o jornalismo de proximidade: “Para mim, não há grandes diferenças entre ir ao Bairro S. João de Deus ou ir a um cenário de guerra, porque os cuidados e as ferramentas que temos são os mesmos”, referiu. Realçando que “faz-se melhor jornalismo de proximidade no Porto do que em Lisboa”, Pontes deu a sua visão sobre aquilo que considera ser o futuro do jornalismo regional: “Penso que o futuro está cada vez menos no papel e cada vez mais na Internet. Se resolvermos moderadamente as fontes de financiamento, penso que há matéria para ser recuperada no futuro”, afirmou o jornalista.