Antes do debate, esta quinta-feira, nas II Jornadas do Observatório de Ciberjornalismo (ObCiber), sobre o “Ciberjornalismo de Proximidade em Portugal”, foi com sotaque que se falou sobre “Ciberxornalismo de proximidade: realidades e desafíos”. O tema esteve a cargo de Xosé López García, da Universidade de Santiago de Compostela, em Espanha.

López García começou, desde logo, por deixar um alerta: “O ciberjornalismo tem de ter uma identidade local, uma marca, porque, de outra forma, corre o risco de desaparecer”. Ainda assim, o investigador espanhol não se limitou a desenhar este cenário, mas também deixou dicas para que ele não se venha a manifestar.

“O ciberjornalismo, para sobreviver no atual contexto de crise, tem de preocupar-se, primeiramente, em fazer jornalismo. Depois, tem de dedicar-se a fazer ciberjornalismo puro e duro, sempre com o objetivo de servir a comunidade”, defendeu. Comunidade essa que, na teoria de Xosé López García, faz parte d'”Os 5 C’s”: Comunicação, Comunidade, Cooperação, Qualidade (“Calidad”) e Capacidade. Misturar todos estes ingredientes é, na opinião do investigador, essencial para um ciberjornalismo de proximidade competente.

Pedro Jerónimo no II ObciberO painel composto por Manuel Leiria, Pedro Jerónimo, Pedro Brinca e Paulo Machado encerrou a manhã
Foto: Ricardo J. Neves

Mais tarde, foi a vez de Pedro Jerónimo (Instituto Superior Miguel Torga e ObCiber) expor algumas conclusões do seu estudo sobre “Ciberjornalismo de Proximidade em Portugal”. O investigador salientou algumas das principais falhas no panorama do ciberjornalismo regional, como o subaproveitamento das potencialidades da web, a mera dos jornais impressos para os ciberjornais e o às fontes de informação.

Pedro Jerónimo referiu que, atualmente, não existem ciberjornalistas de proximidade em Portugal, porque a aposta dos grupos de comunicação recai, quase sempre, no jornal impresso e, , na criação de conteúdos digitais.

“O jornalismo de proximidade é visto como o parente pobre do jornalismo”, . Na opinião do investigador, é necessária uma revisão na e no .

Pedro Jerónimo descreveu uma “” e focou a necessidade de se alterarem os critérios de atribuição de , tendo em conta a nova realidade do ciberjornalismo regional em Portugal.

Segundo o próprio, será também importante refletir sobre a atual aposta nas potencialidades das novas plataformas – sobretudo a , a e a – e dos novos públicos, assim como tirar partido de parcerias entre os meios de comunicação e as universidades – e fomentar, assim, entre profissionais e estudantes de jornalismo.

O poder da igreja e das dioceses, enquanto de muitas publicações regionais, foi outro dos pontos salientados por Pedro Jerónimo, que realçou uma frequente ausência de dos gestores e membros dessas publicações. No final da conferência, o investigador do ObCiber alertou para a necessidade de se apostar no jornalismo regional, mas, sobretudo, de existir ““, além de ter salientado as oportunidades de negócio que poderão existir no ciberjornalismo de proximidade.

O investigador defendeu a necessidade de se desenvolver um ciberjornalismo de proximidade mais .

As jornadas prosseguiram com um painel de convidados (ver imagem em cima) sobre o tema “Experiências Ciberjornalísticas na Proximidade”.

Manuel Leira, do semanário Região de Leiria, alguns tópicos sobre a história daquele que é considerado o primeiro jornal português a instalar-se na web. No entanto, Manuel Leiria revela que a prioridade continua a ser a edição impressa do jornal, porque é a que permite a sua sobrevivência a nível económico.

Pedro Brinca nas II Jornadas ObciberPedro Brinca, diretor do ciberjornal “Setúbal na Rede”
Foto: Ricardo J. Neves

A e a multidisciplinaridade dos conteúdos, bem como a interatividade e a às necessidades específicas do público-alvo foram, também, indicados por Manuel Leiria como igualmente essenciais para a sustentação de uma publicação regional.

O jornalista disse ainda que, apesar das adversidades comuns, não desistem e esperam estar, nos próximos anos, na para os prémios das Jornadas ObCiber.

Pedro Brinca é diretor do ciberjornal Setúbal na Rede, aquele que é o primeiro jornal exclusivamente digital em Portugal (criado em 1998). Pedro Brinca salientou o caráter de informação e de desta publicação, revelando que, na sua , “o jornalismo tem que ser útil às pessoas e as pessoas têm que sentir essa utilidade”.

A é, para o jornalista, um fator essencial para gerar sentido crítico nos leitores e fazer com que estes estejam dispostos a pagar por conteúdos que são restritos. , que, até ao momento, o modelo de negócio do “Setúbal na Rede” é, ainda, a publicidade.

Paulo Monteiro nas II Jornadas ObCiberPaulo Machado, do Correio do Minho, esteve nas II Jornadas ObCiber
Foto: Ricardo J. Neves

Paulo Machado, do jornal diário Correio do Minho, revelou que há uma no jornalismo de proximidade naquela publicação, salientando o grande número de jornalistas presentes na redação do jornal. O jornalista disse que, apesar de disponibilizarem diariamente o jornal integral no website, isso não afeta a sustentabilidade do negócio, porque o objetivo é obter audiência e leitores e não a venda de jornais impressos.

Paulo Machado reforçou a importância da presença nas redes sociais, à semelhança da opinião de Manuel Leiria, que recordou alguns episódios em que os leitores puderam contribuir para a produção de conteúdos jornalísticos.

Notícia atualizada às 18h58 de 6 de dezembro de 2013