Depois de uma vida dedicada à arte, eis que, esta quarta-feira, Nadir Afonso faleceu, com 93 anos (1920-2013), no Hospital de Cascais. Conhecido e reconhecido pelo percurso trilhado na pintura e nas artes plásticas, foi, curiosamente, em arquitetura, que Nadir Afonso se formou.
Corria o ano de 1938 quando entrou na Escola de Belas Artes, no Porto (antecessora das atuais FAUP e FBAUP), tendo apenas, em 1946, chegado à École de Beaux-Arts de Paris, em França, onde se especializou na pintura. Quando regressa a Portugal, pouco tempo demora a destacar-se na área, ganhando, em 1967, o Prémio Nacional de Pintura, e, em 1969, o Prémio Amadeo de Souza-Cardoso.
Depois destas distinções como que ganhou o epíteto de “mestre da abstração geométrica”, com obras (ver fotogaleria em baixo) bem representativas dessa designação em várias partes do mundo, como Brasil, Alemanha e Itália.
Em 2012, a Universidade do Porto (UP) decide atribuir-lhe o título de Doutor Honoris Causa, como reconhecimento do “contributo para a promoção e projeção da imagem de Portugal e da cultura do século XX”. Nessa altura, apresentou-se na cerimónia “já com uma dificuldade física bastante acentuada”, conta ao JPN Eduardo Aires, primeiro doutorado da FBAUP em Design e mestre de cerimónias na ocasião em questão.
“O que ressalvo dessa cerimónia é o sentido de observação do mundo e a honestidade com que ele descreve esse mesmo mundo. Uma das coisas que mais me marcou foi o seu discurso (…), sempre sem perder a lucidez de transmitir às pessoas que o ouviam que foi fiel a si próprio, como modelo de carreira”, recorda Eduardo Aires. “Com a morte de Nadir Afonso perde-se um artista que tem uma das maiores e mais coerentes espessuras artísticas da cultura contemporânea portuguesa”, conclui.