Ao contrário da renomada obra de Stanley Kubrick, a odisseia do FC Porto não se trata de um filme de ficção científica, mas sim de um sonho que se transformou em realidade. Há exatos dez anos, os “dragões” conquistavam, na Arena Auf Schalke, o primeiro título português no novo formato da Liga dos Campeões, depois de uma vitória avassaladora frente ao Mónaco (3-0).
Naquela altura, nenhuma equipa foi páreo para a formação mágica do “special one”, que, na altura, era apenas José Mourinho. O treinador, cuja carreira de supercampeão começou no FC Porto, admitiu que o apuramento no minuto 91 frente ao poderoso Manchester United, nos oitavos-de-final, foi o clímax da equipa azul e branca na competição, e enfatizou que, depois da qualificação em Old Trafford, sentiu que poderia “derrotar qualquer adversário”.
E acertou. Depois da vitória apertada frente ao elenco de Alex Ferguson, os “dragões”, famintos de vitória, atropelaram o Lyon nos quartos-de-final, seguraram o Deportivo de La Coruña na fase seguinte e destroçaram o Mónaco – equipa que tirou o Real Madrid e o Chelsea da competição – no derradeiro jogo, que viria a atribuir ao FC Porto o título de campeão europeu.
2004 aqui tão perto
Ativos ou aposentados, o facto é que a equipa do FC Porto de 2004 vai reencontrar-se no dia 25 de julho, no Estádio do Dragão, para a despedida de Deco. Nesta data, os adeptos que assistiram à formação mágica vão ter a oportunidade de voltar a ver os vencedores em campo, num confronto amigável contra a equipa do Barcelona de 2006, ano em que os catalães foram campeões europeus. Os jogadores podem já não ser os campeões de outrora, mas uma coisa é certa: para a felicidade dos adeptos, num ano particularmente mau para o FC Porto, 2004 está de volta, mesmo que só por um dia.
A importância da conquista foi tão grande que, momentos após o triunfo, Ricardo Carvalho, evidentemente emocionado, resumiu a dimensão do feito dos “dragões” numa frase curta, mas emblemática: “Dentro de 10 ou 15 anos, vão continuar a falar de nós como falam da geração de Viena”. Não estava errado. O FC Porto escrevia com tinta permanente a sua história no futebol, numa campanha de sonho que, desde então, permanece na memória de todos os adeptos portugueses e dos amantes do desporto.
Ainda há jogo
Hoje, 26 de maio de 2014, muitas das estrelas daquela noite já se aposentaram, como o experiente Vitor Baía e o “mágico” Deco. Ainda assim, oito dos 23 campeões ainda encontram-se em campo.
Ricardo Carvalho (Mónaco) e Carlos Alberto (Botafogo), dois titulares no triunfo sobre o Mónaco, Bosingwa (Trabzonspor) e Ricardo Costa (Valência), suplentes não utilizados, Ricardo Fernandes (Omonia, de Chipre), César Peixoto (Gil Vicente), Bruno Moraes (Gil Vicente) e Hugo Almeida (Besiktas), que viram a final na bancada, são os integrantes do leque de ex-“dragões” da época dourada que ainda competem a alto nível.
Destes, é de salientar a evolução de Ricardo Costa e Hugo Almeida, atualmente na lista dos 23 selecionados para o Mundial do Brasil. Por outro lado, o brasileiro Carlos Alberto, uma inegável promessa, acabou por não corresponder às expectativas no Werder Bremen e nos vários clubes brasileiros, tornando-se um dos flops mais recentes do futebol “canarinho”.