A partir da próxima segunda-feira, dia 6 de junho, deixa de ser possível carregar títulos de transporte nas Payshop do Porto. A Pagaqui, empresa concorrente, venceu o concurso público, lançado em julho de 2015, e passa a deter o exclusivo de recarregamento e venda de títulos de viagem, fora das lojas Andante e máquinas automáticas.
O JPN contactou a empresa Pagaqui e esta revelou que “a forma de funcionamento é a mesma” da Payshop. “Pode-se comprar os títulos ocasionais – as senhas – e podem-se recarregar os títulos mensais e as viagens”, explica Madalena Santos.
A diretora de marketing da empresa, que começou a sua atividade comercial em janeiro de 2014, destaca que “não existe um custo” para os comerciantes na instalação do serviço, já que “a Pagaqui instala os equipamentos em terminais web, como computadores ou outro sistema com ligação à Internet”.
“O princípio da Pagaqui é que a instalação não tem custos porque é feita em qualquer computador que o comerciante já tenha”, realça Madalena Santos, acrescentando que “a necessidade de algum equipamento extra é depois avaliada, em conjunto com o agente, e é visto qual o investimento que é preciso fazer”. “Não é uma coisa fixa”, garante.
Relativamente às comissões de vendas, a diretora de marketing da empresa de serviços de pagamento detida pelo Banco Carregosa e pelo Fundo Revitalizar Norte afirma que liberta “0,5% sobre o valor da transação” para os comerciantes.
Além disto, existe uma conta corrente, na qual os agentes devem ter saldo para poder realizar transações nos seus terminais. Sobre isso, Madalena Santos declara: “A Pagaqui tem a possibilidade de dar crédito ao agente, no fundo, de lhe disponibilizar um plafond para ele fazer os carregamentos”. Plafond esse que “varia de acordo com o funcionamento do agente. Naturalmente, há pontos de venda que fazem bastante mais transações que outros, portanto é feita uma avaliação ponto a ponto”.
O sistema da empresa, tal como o da Payshop, abrange viagens de metro, autocarro (STCP) e comboio (CP) e está em funcionamento, no Porto, desde o passado mês de maio.
“Na zona abrangida pelo Andante, CP e STCP existem cerca de 690 agentes preparados para fazer carregamentos”, assegura a diretora de marketing da Pagaqui. No concelho do Porto, esse número desce para 228, de acordo com a responsável. Segundo o site da Payshop, eram 540 os estabelecimentos no distrito habilitados a transacionar títulos de viagem, baixando para 158 no concelho.
Os comerciantes, com o sistema da Payshop implementado nos seus estabelecimentos, mostram-se apreensivos. António Quelhas não tem dúvidas: “O consumidor é que vai sofrer”, porque “as pessoas vão fazer filas nas máquinas”.
Este proprietário de uma papelaria na baixa da cidade do Porto revela ter sido abordado pela Pagaqui, mas que vai continuar fiel à empresa detida pelos CTT, pois esta lhe cede 1% das vendas e suporta os custos materiais. Na opinião de António Quelhas “os comerciantes vão perceber que têm de investir do próprio bolso”, referindo-se à conta corrente que a nova detentora dos direitos de revenda dos títulos de viagem utiliza. Conta essa que, segundo o proprietário, desce as comissões de 0,5 para 0,3%.
O JPN contactou a Payshop, mas até à hora de fecho do artigo não foi possível recolher os esclarecimentos solicitados.
Artigo editado por Sara Gerivaz