Manhã fria, esta segunda-feira, no Porto, dia em que os Reis de Espanha, Felipe VI e Letícia Ortiz Rocasolano, chegaram à cidade. São os primeiros monarcas a serem recebidos com honras de Estado no Porto. A cidade é a primeira portuguesa a acolher uma Visita de Estado dos novos Reis de Espanha.
A ocasião é de gala e o protocolo muito apertado, quer para transeuntes quer para a comunicação social. Nas laterais da Avenida dos Aliados, há pessoas apoiadas nas barreiras de segurança. Algumas centenas, mas sem grande entusiasmo. A distância para o centro dos acontecimentos é grande.
Pelas 11h10, o Rolls Royce que transporta Felipe VI e Letícia chega à Praça Humberto Delgado, escoltado por 101 cavalos da Guarda de Honra da Guarda Nacional Republicana. Os Reis são recebidos pelo promotor da visita: o Presidente da República, Marcelo de Rebelo de Sousa.
Dez minutos depois, ouvem-se os hinos e 21 salvas de canhão. Feita a revista aos militares, os Reis, Marcelo Rebelo de Sousa e o presidente da Câmara, Rui Moreira, sobem a pé até à entrada principal dos Paços do Concelho.
Filipe VI, Marcelo Rebelo de Sousa e Letícia no interior da CM Porto | Foto: Lusa | Luís D'almeida Amaral
A “impressionante transformação do Porto”
Depois de um encontro entre os dois chefes de Estado, já no interior da Câmara, decorreu uma sessão solene na qual Rui Moreira atribuiu ao Rei de Espanha as chaves da cidade. “Queremos que seja, a partir de hoje, também sua”, declarou o autarca.
Os Reis de Espanha já tinham passado por Portugal depois da coroação, mas esta foi a primeira Visita de Estado dos monarcas ao país e foi no Porto que começou. Felipe VI fez questão de o sublinhar no discurso que proferiu. A Rui Moreira, o monarca pediu para que transmita aos portuenses uma mensagem: “o nosso afeto e alegria por visitar a sua cidade durante a nossa primeira Visita de Estado à República de Portugal, como Reis de Espanha”.
As palavras de elogio do Rei para a cidade foram muitas. “Quero expressar o meu reconhecimento e admiração pela impressionante transformação que o Porto viveu nos últimos anos. Uma transformação em que teve a inteligência de saber combinar o ritmo dos tempos para assumir plenamente a modernidade, com respeito pela história e pela tradição”, declarou Filipe VI.
Nessa transformação, considerou o monarca, joga papel principal “a pujança da Universidade do Porto e do seu Parque de Ciência e Tecnologia”, que os Reis visitam na manhã de terça-feira, “que fazem do Porto uma cidade empreendedora por excelência, contribuindo para dinamizar a economia e atrair cada vez mais empresas que desejam instalar-se nesta magnífica cidade”.
Ainda no campo do conhecimento e da inovação, o Rei de Espanha acha “notável a grande quantidade de centros de investigação públicos e privados com sede no Porto que têm acordos com as mais diversas instituições espanholas e internacionais”.
Rui Moreira, que falou antes do monarca, também tinha considerado a UPTEC e o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S) como duas das instituições “mais valiosas da cidade”.
Rei de Espanha na Câmara do Porto | Foto: José Coelho/Lusa
Da exposição de Joan Miró, para a qual os Reis se dirigiram depois da sessão, também falaram ambos, como símbolo de aproximação. “Alegra-nos especialmente que a obra de Miró, com esta exposição e graças ao esforço de muitas pessoas, sirva para fazer mais fortes os laços que unem os dois países, para trazer também a nossa vista e sentimento mediterrâneos a este baluarte e grande porto atlântico de Portugal”.
Do vasto rol de palavras elogiosas, destaque ainda para o “espetacular” crescimento do turismo e a “magnífica” reabilitação do Centro Histórico do Porto. Uma cidade, declarou Felipe VI, “Invicta no passado, sem dúvida, e vitoriosa no futuro”.
À saída, e antes da partida para Serralves, Felipe e Letízia ouviram ainda a Orquestra Juvenil da Bonjóia e foram cumprimentados por um grupo de 70 crianças da Escola da Torrinha, ali em representação das escolas de 1º ciclo da cidade.
Os Reis visitaram depois a Fundação de Serralves onde está exposta, desde 30 de setembro, um conjunto de obras de Juan Miró. Do programa do primeiro de três dias de visita consta um jantar de gala, esta noite, no Paço dos Duques de Bragança em Guimarães.
