Na quarta edição do MICAR, que decorre até domingo, 15, no Teatro Rivoli, no Porto, foram selecionados 17 filmes com vista a “desconstruir conceitos e desmistificar paradigmas”, explica Marta Pereira, da SOS Racismo, ao JPN.
Em 2014, quando nasceu a ideia de um festival de cinema, a organização composta somente por voluntários enfrentou diversas dificuldades. Não podendo contar com apoios externos, foi necessário “procurar dentro da organização pessoas que estivessem realmente disponíveis e interessadas em promover” o evento.
Para além da questão logística – o espaço é cedido pela Câmara do Porto -, a organização não dispõe de qualquer apoio, apenas das verbas que vem da “cotização dos sócios, revistas e algum merchandising.”
Agora, um dos principais objetivos do festival é chegar a toda a gente. Com informação espalhada por toda a cidade e sessões gratuitas, Marta Pereira espera ter “todos os ingredientes para que qualquer pessoa que se interesse minimamente pelo tema possa ir”.
No MICAR, o debate de opiniões diferentes é encorajado. “Quando se debate um tema dentro da mesma linha de pensamento e em que todos concordam é um bocadinho… diria quase estúpido, porque a discussão não leva a lado nenhum”, observa a ativista.
Ainda assim, o MICAR “não deixa de ser cinema, não deixa de ser uma sala escura com um ecrã, e não deixa de ter a magia de uma sessão de cinema.”
Este ano, o MICAR dá destaque ao totalitarismo, tendo em conta a ascensão da extrema-direita em alguns países da Europa. A seleção de filmes revelou-se dificil, pois a SOS Racismo considera “um desperdício” não incluir filmes que estejam bem feitos mas trabalham outras áreas ou problemáticas.
“Não diria que há propriamente uma mudança de ano para ano, acho que há essencialmente a expectativa que se tem mantido mais ou menos alta, que é a qualidade dos filmes. A qualidade, a abrangência e a diversidade dos temas e do cinema em si”, afirma a ativista. De facto, ao longo dos anos o festival tem vindo a crescer e “agora a maioria das sessões esgota”, pelo que o público é aconselhado a levantar os bilhetes com antecedência.
Sobre o futuro, o MICAR sonha agora alargar-se a outros pontos do país. Fala-se de um MICAR itenerante, com possível extensão a Lisboa. Marta Pereira ressalva as dificuldades logísticas de uma descentralização do projeto, mas admite que “é um sonho que eventualmente vai ser possível realizar.”
Por enquanto, o MICAR está no Porto já este fim de semana, para combater o racismo com a cultura, numa mostra de cinema gratuita no Teatro Rivoli.
Artigo editado por Filipa Silva