A Feira do Livro do Porto vai acontecer, este ano, entre os dias 28 de agosto e 13 de setembro nos Jardins do Palácio de Cristal, onde o certame se ficou em 2014, desde que a Câmara Municipal do Porto (CMP) assumiu a organização. O anúncio foi feito na segunda-feira pela autarquia que abriu, no mesmo dia, o período de inscrições para as editoras, livrarias e alfarrabistas interessados em participar.

A edição deste ano vai ter o espaço condicionado, não só quanto ao número de pavilhões instalados – têm sido cerca de 130 -, mas também na circulação de pessoas que visitem o evento literário, devido às condições sanitárias exigidas no contexto da COVID-19.

Para a CMP, responsável pela organização, cabe aos “participantes cumprir a legislação em vigor bem como as demais orientações da Direção-Geral de Saúde, no contexto da COVID-19, nomeadamente em relação ao atendimento ao público”, pode ler-se nos Termos e Condições disponibilizados na página da autarquia portuense.

O JPN procurou ouvir a Câmara Municipal do Porto para perceber que limites estão planeados para a edição deste ano, mas tal não foi possível até ao fecho deste artigo.

Na sétima edição do evento literário com organização autárquica, podem inscrever-se, como tem sido hábito, editores e distribuidores, livreiros, alfarrabistas, entidades públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, que “promovam a edição de livros”, conforme refere a organização.

“Muito contentes” pela realização da feira

É o caso da Livraria Poetria que tenciona estar presente na edição deste ano e que participou em todas as edições da nova Feira do Livro do Porto.

Ao JPN, Francisco Reis revela que depois das últimas duas participações terem “corrido muito bem”, a edição deste ano não o assusta. “Sabemos que este ano é atípico, mas achamos que esta feira do livro traz uma mais-valia, que é o desconfinamento controlado, regrado, sem correr riscos e da nossa parte tudo faremos para cumprir as normas em vigor”, assegura o dono da livraria que é a única do país especializada em poesia e teatro.

Com o negócio “parado desde 15 de março”, o coproprietário da Poetria olha para o evento como um balão de oxigénio: “assim que tivemos a informação de que a feira se iria manter nós ficamos muito contentes”. Com o confinamento, parou a atividade comercial, mas não pararam as despesas, por isso o retrato é claro: “Se não for um evento deste tipo nós tememos pela nossa continuidade”, afirma o responsável.

Comparar preços é a melhor estratégia para conseguir bons negócios.

Foto: Linda Melo

Mesmo com as dúvidas sobre se daqui até ao fim de agosto vai ser possivel manter a feira do livro, os valores pedidos pela CMP aos participantes é o mesmo do ano passado, algo que Francisco Reis considera ser “um esforço financeiro tremendo”. “Seria mais interessante reduzirem os valores, porque nós não sabemos qual vai ser o retorno. Pode ser uma feira do livro normal a nível de vendas, mas corremos o risco de não o ser”, observa o coproprietário da Poetria.

Francisco Reis realça, contudo, que “desde que a Câmara do Porto assumiu a organização da feira do livro, os valores dos pavilhões baixaram”. “Estamos com três vezes menos o valor que pedem em Lisboa. [No Porto], é dado destaque às pequenas editoras, livrarias”, elogia.

Se não houver condicionantes a atrapalhar o caminho, Francisco Reis pensa que a feira do livro “vai correr bem”. “Vai ser no final de agosto, as entradas vão ser controladas e achamos também que a autarquia desenvolveu esforços notáveis no pico da crise. As referências são boas”, reafirma o editor.

As inscrições para a sétima edição da Feira do Livro terminam no próximo dia 3 de junho, sendo conhecidos os resultados das candidaturas até 16 desse mês.

As candidaturas serão aceites depois de cada participante pagar 100% do valor de inscrição até 24 de julho ou 50% do valor até 24 de julho e o restante até 13 de setembro, com valores que oscilam entre os 500 e os 2000 euros.

Se não houver alterações no calendário ou no horário de funcionamento, a Feira do Livro do Porto vai manter o mesmo horário do ano passado com a abertura de portas a acontcer às 12h00 de segunda a sexta-feira e às 11h00 aos sábados e domingos, com o encerramento às 21h30 de domingo a quinta-feira e às 23h00, às sextas e sábados.

Eduardo Lourenço foi o último homenageado

Ainda sem ter revelado que escritor(a) vai homenagear e quem vai comissariar a programação da Feira do Livro de 2020 – anúncios que no ano passado foram feitos em abril -, a Câmara do Porto pretende com o evento “difundir o livro e a leitura, fomentar hábitos culturais, estabelecer contactos entre o público e os autores” e “promover uma grande festa do livro e da leitura”.

A edição de 2019 homenageou Eduardo Lourenço, tendo sido comissariada pelo escritor e argumentista – e atual secretário de Estado – Nuno Artur Silva. O evento lembrou os 500 anos da viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães e o centenário de Jorge de Sena.

No programa, apresentado em finais de agosto de 2019, a Feira do Livro do Porto homenageou outros vultos da cultura como Mário Cláudio, nos seus 50 anos de vida literária e Agustina Bessa-Luís, autora de “A Sibila”, falecida em junho desse ano.

Com um orçamento total a rondar os 165 mil euros, o certame em 2019 decorreu entre 6 e 22 de setembro contou com cerca de 90 participantes, entre editores, livreiros e alfarrabistas, instalados nos 130 pavilhões dos Jardins do Palácio de Cristal.

Com um número de visitantes sempre a crescer nos últimos anos, em 2018 passaram pela Feira do Livro cerca de 300 mil pessoas.

Artigo editado por Filipa Silva