Sofia Jirau é a primeira modelo com Síndrome de Down a estrear-se para a marca Victoria's Secret, na coleção “Love Cloud”, lançada esta quinta-feira (17).

A primeira modelo com síndrome de Down a estrear-se para a marca Victoria’s Secret. Fotografia: Instagram/Sofia Jirau

Sofia Jirau é a primeira modelo com Síndrome de Down da marca internacional Victoria’s Secret, que tem vindo a reinventar-se no mundo da moda depois de algumas polémicas nos últimos anos. A modelo faz parte da coleção “Love Cloud”, que apela à inclusão das mulheres nas suas diferentes formas, idades, perfis e etnias.

A modelo de 24 anos é natural de Porto Rico e iniciou a sua carreira em março de 2019. Desde então, já trabalhou com grandes nomes da indústria, como Lisa Cappalli, Luis Antonio, Kelvin Giovannie e Edzel Giovannie. Em fevereiro de 2020, estreou-se na semana da moda em Nova Iorque. 

A jovem partilhou nas redes sociais a conquista, destacando o facto de ser um sonho tornado realidade: “Um dia sonhei para isto, trabalhei nisso e hoje é um sonho tornado realidade. Finalmente posso contar o meu segredo… Sou a primeira modelo com Síndrome de Down da Victoria’s Secret. Obrigada a todos vocês por apoiarem sempre os meus projetos. Obrigada por ver em mim uma modelo #semlimites e fazer-me parte da campanha inclusiva Love Cloud Collection. Este é apenas o começo, agora está a acontecer! Por dentro e por fora não há limites”, escreveu no seu perfil.

 

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Sofia Jirau publicou também um vídeo da campanha, que inclui diferentes modelos e representam mulheres “reais”. “Partilho oficialmente a campanha de inclusão da coleção Love Cloud da qual faço parte. Somos 18 mulheres que não conhecem limites”, escreveu a modelo. 

 

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A modelo tem vindo a crescer na indústria da moda e tem como objetivo “inspirar as pessoas pelo mundo a seguirem os seus sonhos e acreditar que não existem limites por dentro ou por fora”. 

A queda dos “anjos”

A Victoria’s Secret é uma das marcas de lingerie mais conhecidas mundialmente. Tem como imagem de marca os luxuosos desfiles das Angels, que incluem algumas das mais populares modelos a usar peças luxuosas. Naomi Campbell, Heidi Klum, Tyra Banks, Stephanie Seymour, Laetitia Casta, Doutzen Kroes, Gisele Bündchen, Alessandra Ambrósio e a portuguesa Sara Sampaio são alguns dos nomes associados à marca ao longo dos últimos anos.

A marca sempre se focou em peças de lingerie, querendo que as modelos representassem um tipo de corpo muito restrito e difícil de alcançar, transmitindo a ideia de fantasia. A falta de inclusividade por parte da marca prolongou-se durante várias décadas e, em 2018, Ed Rasek, diretor de marketing da Victoria’s Secret, gerou controvérsia nas redes sociais ao fazer comentários inapropriados sobre modelos transgénero e plus size. Numa entrevista à revista “Vogue”, Ed Rasek defendeu que modelos transexuais “não deveriam” fazer parte dos desfiles por se tratar de uma “fantasia para entreter”. O diretor de marketing fez um pedido de desculpas online, mas vários críticos exigiram que deixasse o cargo. 

A imagem da marca foi considerada desatualizada e desinteressada por não estar alinhada com as atitudes de evolução das mulheres referentes ao padrão de beleza, diversidade e inclusão. A Victoria’s Secret levou as críticas seriamente e contratou modelos com corpos mais inclusivos para os padrões da marca, de modelos como Barbara Palvin ou a modelo transgénero Valentina Sampaio. Trocou também as Angels por um novo grupo de mulheres ativistas e empreendedoras como rosto da marca. Até aos dias de hoje, a marca tem trabalhado numa reviravolta no seu marketing e imagem que passa ao público. 

“Angels” no desfile de 2013 da Victoria’s Secret. Foto: Facebook/Victoria's Secret

Artigo editado por Tiago Serra Cunha