“Pulsar” é o nome do plano que quer mexer a economia do Porto. A nova Estratégia de Desenvolvimento Económico do município, apresentada esta sexta-feira (13) no Pavilhão Rosa Mota, reúne perto de 100 agentes da cidade e pensa como alavancar a cidade e a região até 2030 com um investimento de 600 milhões de euros.

Os fundos, provenientes em 50% do município e outra metade das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e do NextGeneration EU, pretendem apoiar um plano assente em dez projetos estruturais, baseados em oito domínios em foco, de forma a criar um “Melhor Porto”, refere Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal (CMP).

No programa – cuja versão final, elaborada pela Ernst & Young (E&Y), tem cerca de 300 páginas – o foco está no Porto, no “Grande Porto” e na Área Metropolitana do Porto (AMP) como um todo, regiões que “encabeçam” a macrorregião do Noroeste português. Segundo o município, “importa unir” toda esta região, com o Porto como seu motor, de modo a “maximizar o valor gerado por cada um dos municípios que a integram”.

Auscultados os stakeholders da região, a avaliação identifica múltiplas “áreas de atividade económica relevantes”, sobre as quais a estratégia de desenvolvimento económico se debruçará: comércio e serviços; turismo; imobiliário; técnologias de informação e comunicação (TIC) centros de serviços; cultura e indústrias criativas; saúde; economia azul (mar); economia verde e energias renováveis.

O objetivo, revistas as potencialidades de cada uma destas áreas, é resolver problemas como a falta de escala e coordenação na cidade, a necessidade de trabalhar mais “em rede”, a captação e fixação de talento na região e a necessidade de projetar o Porto e envolventes.

Realizado o diagnóstico, pretende-se atuar sobre cinco grandes desafios e ambições relacionados com: talento; inovação; sustentabilidade; competitividade; atratividade. Para tal, definem-se como pressupostos estratégicos assumidos as expressões “alavancar”, “estimular”, “potenciar” e “articular”.

O investimento total direto poderá chegar aos 600 milhões de euros até 2030 – e cujos frutos do investimento se podem prolongar até 2035, refere a autarquia -, dividindo-se por esses dez projetos estruturantes, que recebem, no entanto, valores diferentes entre si. 

Um dos focos está na criação de um ecossistema atrativo para a inovação e para o talento, através do projeto Innovation and Talent District (33 milhões de euros), que prevê a afirmação do Porto como distrito de inovação e a criação de um Laboratório Vivo e Cidade Experimental (20 milhões), além da criação de um programa de formação e requalificação ou reconversão profissional local, em parceria com empresas, instituições de ensino e entidades promotoras de emprego.

A afirmação do Porto como Digital Hub (22,5 milhões) surge através da estimulação e consolidação do ecossistema regional ligado às TIC, criando-se condições para a afirmação de polos digitais na cidade, além da criação de observatórios temáticos e de uma aceleração da modernização e digitalização administrativas.

Está ainda visada a criação de uma Agência Regional de Promoção e Atração de Investimento (15 milhões), instituição que se pretende de natureza coletiva, liderada pela CMP, com representação de entidades locais, regionais e nacionais “relevantes na promoção territorial e na atração de investimento”. Surge ainda nestes eixos, através do eixo da cidade voltada para os negócios (57 milhões) a já anunciada reconversão e exploração do Matadouro Industrial do Porto (que ocupa 55 desses 57 milhões), que se quer um “espaço fértil para a cultura e inovação social”.

No que toca ao ambiente e sustentabilidade (182 milhões), visa-se transformar o Porto em “referência nacional e internacional” na área da sustentabilidade, economia circular e mobilidade verde urbana. Para tal, pretende-se criar recursos para melhorar a sustentabilidade nos meios de transporte na cidade; acelerar a transição energética; gestão inteligente de recursos; e um empreendedorismo mais “verde”. 

Para a saúde (173 milhões), surge como objetivo a criação de uma “incubadora ‘húmida'” para o desenvolvimento de soluções inovadoras na área, além da “promoção internacional do cluster regional da saúde”.

Os setores do turismo e do comércio do Porto e região Norte também são visados nesta perspetiva de alavancamentos (17 milhões), com foco em projetar o turismo regional e numa qualificação dos estabelecimentos comerciais do Porto através da iniciativa “Comércio com Valor”.

As atividades relacionadas com o mar, sob o mote de Economia Azul (30 milhões) querem envolver a comunidade académica, entre outras entidades, para aumentar a investigação e desenvolvimento de potencialidades para aproveitar os recursos marítimos e fluviais da região.

O desporto recebe 45 milhões de euros para articular inter-regionalmente esta área e tornar o Porto referência no âmbito desportivo, com especial foco no futebol, além de se pretender aumentar a rede formativa deste desporto. Desse valor, 35 milhões são destinados à construção da nova sede da Liga Portuguesa de Futebol, situada na freguesia de Ramalde.

A cultura e criatividade recebem a fatia mais pequena do orçamento: 16 milhões. Em foco nesta área estão a criação de um hub de inovação que faça a ligação entre a educação e as artes; a criação de um programa de apoio a talento criativo com vista à criação de negócios sustentáveis; um Centro de Produção Digital destinado à experimentação e criação digital por parte de criadores profissionais e apoiado por uma operadora de TV e multimédia; e a criação do “CoLAB ORAMA”, um polo do CoLAB nacional para as indústrias culturais, criativas e do audiovisual.