Dos mais de 44 mil alunos inscritos, 35 mil realizaram o exame de Português na sexta-feira. É o terceiro ano consecutivo em que os alunos só precisam de realizar as provas que precisam para aceder ao ensino superior.

Na primeira fase do exame de Português deste ano, “Os Lusíadas” e “A Mensagem” foram as obras que os alunos tiveram de analisar. Foto: Marta Magalhães

A primeira fase dos exames nacionais do ensino secundário arrancou na sexta-feira (17) e estende-se até ao dia 6 de julho. O exame de Português, que abriu a semana de provas, levou 35 mil alunos às escolas logo pelas 9h30 da manhã. Duas horas depois (ou duas e meia, para quem precisou da tolerância), os alunos, na sua maioria, afirmaram que o exame correu bem e mostram-se confiantes numa boa nota.

Na Escola Secundária Clara de Resende, no Porto, os alunos começaram a sair pouco a pouco logo ao primeiro toque, enquanto alguns pais aguardavam pela saída dos filhos. A maioria discutia entre si as respostas dos exames, enquanto que outros falavam com os professores de português, na sua maioria confiantes e descontraídos. Beatriz Ribeiro, de 18 anos, saiu apressada. Com o exame na mão, contou ao JPN que  “saiu ‘Os Lusíadas’ e ‘A Mensagem’” e que o exame lhe correu de acordo com as suas expectativas. Com a ideia de seguir Psicologia no Ensino Superior, Beatriz vai ainda realizar as provas de Biologia e Geologia e Matemática A.

Já a Rita Brás, da mesma idade, disse que o exame não lhe correu bem porque não tinha estudado o suficiente. O único autor que achava que iria sair era Fernando Pessoa, “e saiu”, mas “não estava à espera de ‘Os Lusíadas’”.  Rita mostrou interesse em seguir Educação Musical para o próximo ano e, como tal, ainda vai realizar as provas de História A e Inglês.

Mesmo que Português não lhe tenha corrido tão bem, a aluna não tenciona ir à segunda fase, já que vai realizar outros exames que podem servir como prova de acesso – pelo terceiro ano consecutivo, os alunos só precisam de realizar as provas que necessitam para o acesso ao ensino superior, caso assim desejem. “É mais correto sermos nós a escolher do que sermos obrigados a fazer algo que nem sequer vamos precisar no futuro”, defende a aluna sobre o novo modelo de acesso.

Escola Secundária Clara de Resende, na Boavista. Foto: Marta Magalhães

Meia hora mais tarde, no Colégio Nossa Senhora do Rosário, na Avenida da Boavista, deu-se o segundo toque. Os poucos alunos que ficaram para o período de tolerância iam com pressa para ir almoçar. Os entrevistados garantiram, com um tom confiante, que não iam ter necessidade de fazer a segunda fase do exame. Francisco Batista, 18 anos, achou a prova “acessível” mas “mais difícil que o do ano passado”. Na sua composição sobre os atos heroicos, escolheu falar da Ucrânia e do povo português. No Ensino Superior, quer seguir Direito e vai repetir o exame de História B que já tinha realizado no ano passado.

Nuno Leite, também de 18 anos, confessa que “a parte da gramática foi fácil, mas a primeira pergunta de interpretação era mais complicada”. Com o intuito de seguir Engenharia Informática e Computação, na FEUP, vai ainda fazer a prova de Matemática A e repetir a de Física e Química A. Sobre este novo molde de exames, Nuno refere ao JPN considerá-lo bastante melhor” e que “faz mais sentido” do que o anterior, uma vez que coloca “menos pressão nos alunos para fazerem exames que às vezes nem precisam para nada”.

Segundo dados do Ministério da Educação (ME), um em cada três alunos inscritos – correspondente a 74% – tem como objetivo o acesso ao ensino superior (109.650 alunos). Os jovens que falaram com o JPN à saída dos exames concordaram, de forma unânime, que este modelo de escolha dos exames como prova de ingresso se deve manter. Os alunos acreditam que esta medida permite-lhes focar apenas nas “provas que precisam”, diminuindo, nas suas considerações, a ansiedade e o nervosismo.

Colégio Nossa Senhora do Rosário. Foto: Marta Magalhães

No primeiro dia da época de exames nacionais, segundo o ME, dos 44.662 alunos inscritos na prova de português, faltaram 9.667 estudantes, contabilizando 78,4% das presenças. Ao contrário do exame de Mandarim (iniciação) e de Português Língua Não Materna intermédio, o exame de Português Língua Segunda (PL2) foi único a contar com a presença de todos os alunos inscritos (24).

Ao todo, são cerca de 149 mil os alunos inscritos para realizar exames na primeira fase. Como consta no relatório de estatísticas do ME enviado à comunicação social, Biologia e Geologia é o exame com o maior número de alunos inscritos (45 mil), seguindo-se Português (44 mil) e Física e Química A (42 mil). Matemática ocupa a quarta posição com 40 mil inscritos.

Esta segunda-feira (20), realizam-se as provas de Geografia A, às 9:30, e História da Cultura e das Artes, às 14:00. Nesta semana de S. João, a maioria dos exames são do 11.º ano, à exceção de História A, do 12.º ano.

Calendário da primeira fase dos exames nacionais para o Ensino Secundário. Dados: IAVE

A segunda fase começa a 21 de julho e termina seis dias depois, a 27. Os primeiros exames são Física e Química A e Literatura Portuguesa, da parte da manhã, e Economia A e Latim A, da parte da tarde. Os últimos exames são as línguas estrangeiras. Inglês é a única prova realizada de manhã.

Calendário da 2ª fase dos exames nacionais para o Ensino Secundário. Dados: IAVE

Tal como aconteceu no ano passado, a Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES) mantém a possibilidade de os alunos infetados por Covid-19 no dia do exame da primeira fase poderem realizá-lo na segunda fase. Os alunos nesta situação podem concorrer na mesma à primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior.

Artigo editado por Filipa Silva e Tiago Serra Cunha