Em setembro, Vasco Vaz e a seleção nacional de hóquei em patins de sub-19 sagraram-se bicampeões europeu. Desde 2005, este foi o oitavo título alcançado nesta categoria, o que demonstra o domínio dos portugueses. Motivos para festejar não faltam, mas o selecionador nacional dos sub-19 não deixa de sublinhar que o futuro não passa só pela competição.
O também diretor da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade de Coimbra (FCDEF-UC) desejava que houvesse um “maior investimento no estudo da modalidade”. Isto porque, diz, “uma modalidade que não é estudada, é esquecida, e o hóquei em patins não tem sido estudado.”
Sobre o europeu disputado na Suíça, o selecionador contou que “o objetivo era chegar à final” e que Portugal se apresentou com “uma seleção muito forte e coesa” que “deu os seus frutos”. Na final com a Espanha, Portugal esteve por duas vezes em desvantagem, mas acabou por vencer com um golo de Martim Costa, a três minutos e meio do fim: 3-2 foi o resultado final.
Vasco Vaz salientou que a equipa espanhola era “fortíssima, tecnicamente e taticamente” e, por isso, sabia de antemão que viriam a sentir dificuldades. Assim, refere que este foi um jogo “altamente preparado, visto atleta por atleta e foram estudados os pontos fortes e os pontos fortes da equipa” adversária.
Também o capitão português, Vítor Oliveira, conhecido por Viti, que marcou o segundo golo do jogo, partilha da opinião. O jogador de 17 anos contou ao JPN que a seleção espanhola foi a adversária que criou mais dificuldades aos portugueses, por ser “a equipa mais forte do campeonato”.
Inovação na preparação
O processo de seleção dos jogadores, este ano, foi diferente do habitual. Desta vez, houve uma observação norte-sul, que resultou na convocatória de 26 atletas provenientes das duas regiões: 13 do norte e outros 13 do sul. Estes reuniram-se em Paredes e Alverca, respetivamente. Vasco Vaz selecionou os jogadores que considerou estarem “em melhor estado para irem para um campeonato da Europa”.
Segundo Vasco Vaz, uma das maiores dificuldades no processo de seleção é ter de incluir atletas do último ano de sub-17 e do primeiro de sub-19, uma vez que “esta diferença de idades complica muito o sistema em termos de observação”, sendo que têm “de observar praticamente dois escalões para poderem selecionar”.
Já no que toca à preparação física e aos treinos da equipa, o selecionador explicou que “é muito diferente trabalhar numa seleção e trabalhar num clube”. “Num clube, eles são avaliados ao longo de uma época e aqui eu tenho um mês para trabalhar com uma seleção para a competição”, sublinhou. É um trabalho que implica a existência de treinos bi e tri diários, que envolvem não só a capacidade física, como também a parte tática, técnica, psicológica e motivacional.
Para atletas com idades compreendidas entre os 16 e os 18 anos, conseguir conciliar a vida pessoal, escolar/académica com os treinos e os campeonatos é um verdadeiro desafio. Viti assinalou ao JPN que “implica um esforço bastante grande” e que, apesar de o fazerem por gosto, “é sempre um sacrifício enorme”.
A maior parte dos órgãos de comunicação social não noticiaram a vitória portuguesa. Vasco Vaz admite que o facto não lhe é indiferente, pela falta de reconhecimento que demonstra, frisando que se trata de “um feito nacional”. Além disso, o selecionador referiu que “estes jovens mereciam algum tipo de menção pelo seu mérito”, apesar de já estar à espera dessa ausência de divulgação.
O capitão português, Vítor Oliveira, acredita que, no futuro, “estes jogadores das camadas mais jovens vão ser chamados para a equipa A da seleção e para outras de topo”, reforçando que, para isso, o trabalho e o esforço vão estar presentes no dia a dia dos jovens jogadores.
Editado por Filipa Silva