No ano em que a Universidade do Porto (UP) celebra o centenário, é importante reflectir sobre a instituição. Para isso, está a decorrer na FEUP, entre os dias 24 e 25 de Março, a Conferência do Centenário “Preparar o Futuro”. Várias personalidades, não só da UP mas também das universidades de Lisboa e de Coimbra, e ainda figuras internacionais, participam nesta reflexão conjunta. Saberes, Territórios, Vida e Universidade são os quatro principais temas. Mas este é uma discussão que abrange todo o ensino superior e as instituições universitárias.

A primeira sessão, surbordinada ao tema “Saberes”, teve lugar na manhã desta quinta-feira, e visou compreender o modo como se transmite o conhecimento dentro da UP, bem como o uso que se faz do mesmo. A sessão da tarde, “Territórios”, teve como orientadores, entre outros, Alain Bourdin, da Universidade de Paris e Manuel Ferreira Oliveira, da Galp Energia, centrando a discussão na queda das barreiras geográficas e dos “territórios em que a UP se move”.

A honra de abertura da sessão esteve a cargo de Sebastião Feyo de Azevedo, director da FEUP, que vê a UP e a Faculdade de Engenharia como “motores das respostas da sociedade portuguesa no tempo difícil em que se vive”.

José Marques dos Santos, Reitor da UP, expressou de seguida o desejo de, com esta conferência, “desvendar o futuro das instituições do Ensino Superior em Portugal e no mundo”, convidando “os cidadãos a participar nos eventos do centenário e a reflectirem sobre o papel da Universidade no espaço da cidadania”.

“As universidades devem ser diferentes”

A primeira apresentação teve com oradora Helga Nowotny. A presidente do European Research Council considera que “o conhecimento é poder” e salienta o elo entre ciência e sociedade, afirmando que hoje se assiste a uma “co-produção e co-evolução”, pelo que “quanto mais inovação tecnológica queremos, mais inovação social precisamos”.

Já António Nóvoa, Reitor da Universidade de Lisboa (UL) considera que não se estão a fazer “as reformas de fundo que se devia” no campo académico. Para entender desafios futuros, diz que é essencial uma “coligação no plano nacional e internacional”, pois a fragmentação existente entre disciplinas e universidades “dificulta muitas vezes práticas de mobilidade e de abertura”. O que não implica, contudo, uma uniformização. “As universidades devem ser diferentes”, refere.

Maria Jorge, docente da UP, encerrou a manhã de conferências afirmando que conciliar o desenvolvimento tecnológico com o bem-estar social é uma tarefa complexa. A oradora chamou ainda a atenção para a difícil relação entre ética e ciência. Nem sempre é possível pensar no impacto que a última tem nas pessoas e, ao mesmo tempo, avançar com a verdade.