As universidades do Porto (UP), Trás-os-Montes (UTAD) e do Minho (UM) em parceria com sete municípios, num total de 15 entidades públicas e privadas, vão organizar as celebrações do centenário da escritora Agustina Bessa-Luís (1922-2019). A iniciativa vai ser realizada ao longo de um ano, entre 15 de outubro de 2022 e a mesma data do ano de 2023. O consórcio das comemorações vai ser liderado pela Câmara Municipal de Amarante, terra natal da escritora, nascida em Vila Meã.

A programação, apresentada no dia 21 de junho, em Amarante, fica marcada, na abertura, pela antestreia do filme “A Sibilia”, a adaptação da obra mais conhecida da escritora ao cinema, uma longa-metragem de Eduardo Brito, com produção de Paulo Branco. A oferta cultural inclui também roteiros, literários e turísticos, intitulados “Os lugares de Agustina”, pelos municípios envolvidos.

Vai ser também possível visitar uma exposição bibliográfica itinerante, que deverá começar na Fundação de Serralves. O programa envolve ainda um projeto direcionado para a educação de leituras encenadas e outro de residências artísticas. Outra das linhas da programação – que ainda não é conhecida em detalhe – será pegar em ideias-chave da escrita de Agustina e promover o diálogo com obras visuais. As três universidades incluídas na parceria vão promover a criação de novas teses, bolsas de estudo e investigações sobre a autora e toda a sua obra literária.

Qual será o papel da Universidade do Porto nas comemorações? 

“Vamos ter a responsabilidade de coordenação de residências artísticas em todo o Norte, incluindo nas universidades”, explica Fátima Vieira, vice-reitora para a Cultura e Museus da Universidade do Porto. As residências – de teatro, de artes visuais, entre outras – vão ser organizadas nas várias escolas e instituições de ensino superior do Norte.

Durante a sua vida, e até se fixar no Porto, Agustina residiu em vários concelhos e geografias do Norte de Portugal. Neste sentido, a UP pretende dinamizar o conhecimento da “geografia Agustiniana” presente nas suas obras: “A Agustina escreveu sempre sobre os sítios e a partir dos sítios onde viveu. Daí que este consórcio que foi agora formado inclua sete municípios”, completa a docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

A vice-reitora acrescenta ainda que a UP vai dar continuidade ao podcast em parceria com o Círculo de Amigos de Agustina, “Agustina à boca de cena”, gravado pela equipa técnica da Casa Comum e que já conta com vários episódios.

Envolver estudantes para sessões de leitura e desafiar artistas e performers para “tentarem atualizar para o nosso tempo a mensagem” que passava na sua escrita são outras iniciativas propostas pela Universidade do Porto.

Entre as instituições promotoras estão os Municípios de Amarante, Baião, Esposende, Porto, Póvoa de Varzim, Peso da Régua e Vila do Conde, a Direção Regional de Cultura do Norte, as Universidades do Porto, do Minho e de Trás-os-Montes e Alto Douro, a Entidade Regional de Turismo do Porto e do Norte, a Fundação de Serralves e a Associação de Turismo do Porto e Norte de Portugal, contando também com o apoio institucional da CCDR-NORTE.

Agustina Bessa-Luís nasceu em Amarante, no dia 15 de outubro de 1922. A sua obra literária é reconhecida, tanto a nível nacional como internacional. “A Sibila” é, provavelmente, a sua obra mais conhecida e reconhecida. Vários dos seus romances foram adaptados ao cinema pelo realizador – seu amigo de longa data – Manoel de Oliveira (1908-2015). Aos 84 anos, recebeu o Prémio Camões, considerado o prémio literário mais importante da língua portuguesa. Autora de dezenas de romances, algumas biografias, ensaios,  textos de teatro e literatura infantil, a escritora faleceu a 3 de junho de 2019, no Porto, vítima de doença prolongada.

Artigo editado por Filipa Silva