Comemorou-se, esta quinta-feira, o dia mundial do Teatro. Tal como acontece todos os anos, um pouco por todo o país vários grupos teatrais exibiram peças com entrada gratuita para os adeptos da arte.

No Auditório Municipal de Gaia, o Teatro Experimental do Porto (TEP) apresentou “Os sabores do reino” – excertos de autos de Gil Vicente. Um autor que, segundo Norberto Barroca, encenador do TEP, “é a referência do teatro português”, a quem se deve a “institucionalização do teatro em Portugal”. Júlio Gago, presidente da companhia, acrescenta que é um autor com “textos e imagens ainda bastante actuais”.

Norberto Barroca, depois de seguir a tradição de ler em público a mensagem deste ano do dia mundial do Teatro, salientou que naquela noite apenas se veriam actores no palco.

“Pode haver teatro sem luzes, sem sonoplastia, até mesmo sem palco, mas sem actores é impossível”, disse o encenador, que também se pronunciou sobre a importância do público nos espectáculos. “É fundamental o diálogo entre a plateia e o palco, o mais importante é trazer gente para o teatro”, disse Norberto Barroca.

O teatro em números

Júlio Gago referiu que, para ele, esta data é “um agradecimento às que pessoas que contribuem para a grandeza do teatro”. O responsável pelo TEP falou também da composição humana na plateia do Auditório Municipal, ao explicar que “a sala pode não estar cheia, mas é sempre bom conviver com quem gosta de teatro”.

Manuel Filipe, director do auditório e representante da Câmara Municipal de Gaia, concentrou-se nos números no seu discurso sobre o dia mundial. Segundo o director, numa altura em que muito se fala na crise de público nas salas, durante o ano passado, 37 mil pessoas assistiram a peças de teatro no Auditório Municipal. E já este ano, quase 11 mil espectadores viram o espectáculo do TEP “Os Maias – Crónica social romântica”.

Manuel Filipe finalizou, dizendo que o teatro em Gaia “é uma forma de desenvolver o concelho e fazer crescer os jovens”. À mesma hora, a RTP transmitia, pela primeira vez em 30 anos, uma peça de teatro em directo.

Júlio Gago confessou ao JPN que essa é uma ideia que lhe agrada bastante: “Exibir peças na televisão às segundas-feiras – o dia de folga no teatro – pode fazer com que muitas pessoas regressem às salas. Quem dera que isso continue”, comentou.