Às 14 horas, o advogado Lourenço Pinto saiu para almoço e confirmou que Valentim Loureiro vai continuar a ser ouvido à tarde, depois de quatro horas de interrogatório. Em breves declarações aos jornalistas, o jurista referiu que a audição “está a decorrer dentro da normalidade”.

O major está a ser ouvido pela juíza de instrução criminal Ana Cláudia Nogueira desde as 10 horas, como referiu António Ramos, advogado de José Luís Oliveira, à saída para almoço, às 12h20. O jurista adiantou ainda que, depois do presidente da Câmara de Gondomar e da Liga de Clubes, será ouvido Luís Nunes (vogal do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol), depois Joaquim Castro Neves (director do departamento de futebol do Gondomar SC), José Luís Oliveira (presidente do Gondomar SC e número dois da Câmara Municipal) e Pedro Sanhudo (o árbitro da Associação de Futebol do Porto).

António Ramos supõe que o seu cliente “não deve ser ouvido hoje”, o que indicia a abertura de um quarto capítulo de interrogatórios. “Tudo depende da vontade da senhora juíza”, refere o advogado de José Luís Oliveira.

Esta manhã, às 9h30, chegaram os carros da Polícia Judiciária com os cinco detidos que ainda não foram interrogados pela juíza. A esta hora, eram já muitos os populares que se reuniram em redor do Tribunal de Instrução Criminal de Gondomar.

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Como o JornalismoPortoNet verificou no local, o sentimento vivido hoje é de grande apreensão e não a emoção vivida nos dias anteriores. Os gondomarenses percebem que este deverá ser o dia em que Valentim Loureiro saberá o que o futuro lhe reserva, relativamente ao processo em que está indiciado da alegada prática de crimes de corrupção, tráfico de influência e falsificação de documentos no futebol.

Pinto de Sousa e Francisco Costa libertados

Pinto de Sousa (presidente do Conselho de Arbitragem da FPF) foi esta noite indiciado de 21 crimes. Ouvido durante cerca de seis horas, o detido para interrogatório saiu em liberdade sob medidas de coacção, tal como tinha acontecido com os nove árbitros que foram libertados na madrugada de quinta-feira.

Quelhas de Lima, advogado de Pinto de Sousa, acrescentou que o interrogatório “correu bastante bem” e que “a juíza deu todas as possibilidades para ele (Pinto de Sousa) explicar os factos e tudo aquilo de que era acusado”.

O responsável pelo Conselho de Arbitragem (CA) está indiciado de 17 crimes de corrupção passiva para acto ilícito, dois crimes de falsificação de documentos sob forma continuada, e outros dois tantos de abuso de poder. Pinto de Sousa incorre assim em penas que podem chegar aos oito anos de prisão.

O ex-dirigente do Boavista FC foi libertado sob um termo de identidade e residência, suspensão da actividade e proibição de contacto com os demais envolvidos no processo «Apito Dourado» e outros dirigentes da federação. Pinto de Sousa não pode sair do continente português em exercício da sua actividade profissional.

Francisco Costa (vogal do CA da FPF) também saiu em liberdade nas mesmas condições que o presidente do CA da FPF, mas está indiciado de pelo menos 17 crimes de corrupção passiva para acto ilícito e cumplicidade pelo menos com dolo eventual.

15 mil escutas

A Polícia Judiciária interceptou cerca de 15 mil chamadas telefónicas durante três meses, no âmbito do processo «Apito Dourado», avança o «Jornal de Notícias». Valentim Loureiro terá sido um dos 19 indivíduos escutados.

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Segundo «O Independente», o presidente da autarquia de Gondomar terá pedido ao secretário de Estado das Pescas “que travasse vistoria à sua fábrica”. O semanário adianta ainda que os árbitros de primeira categoria Martins dos Santos e Paulo Paraty, tal como outras figuras do futebol e da política estiveram sob escuta.

O ministro-adjunto José Luís Arnaut e diversos secretários de Estado, entre eles o da Justiça (Miguel Macedo) e o do Ordenamento do Território (Paulo Taveira e Sousa) “foram escutados pela Judiciária no âmbito da operação, por terem conversado ao telefone com Valentim Loureiro, no último semestre”.

O «Record» avança ainda os nomes de João Loureiro (presidente do Boavista FC), Reinaldo Teles (vice-presidente do FC Porto), António Garrido (antigo árbitro) e António Araújo (empresário). Citando fontes ligadas ao processo, o diário desportivo adianta ainda que “não existe contudo qualquer indicação de que os seus nomes constem na acusação”.

Liliana Filipa Silva e Ana Isabel Pereira (em Gondomar)

com Manuel Jorge Bento e Bruno Amorim