“A Universidade do Porto (UP), como co-detentora daqueles terrenos com o Hospital, creio que, na altura própria, deveria ter sido consultada, e não foi”. Este o comentário do reitor da UP em relação à polémica que tem envolvido os terrenos onde também se situa a Faculdade de Medicina.

Novais Barbosa admite que a reitoria delega naquele estabelecimento de ensino superior algumas decisões. Remete contudo uma tomada de posição para breve: “vamos ver, no contrato final, como estas coisas se estabelecem”.

Recurso à banca

Novais Barbosa afirma que os sucessivos cortes orçamentais no ensino superior colocam em causa as metas traçadas pela estratégia de Lisboa. Perante as dificuldades financeiras, a UP viu-se mesmo obrigada a recorrer à banca.

O reitor refere ainda que o valor cobrado aos alunos, além da propina mínima, deveria ficar ao dispor das universidades para investimento na melhoria das condições e para projectos concretos.

Bolonha: “perdeu-se uma oportunidade”

Relativamente à política de ensino superior, o reitor considera-se “desalinhado” do compromisso de Bolonha. Em causa está a alteração dos graus académicos para um modelo diferente ao que Novais Barbosa defende: três anos de formação básica, mais dois anos de formação numa área concreta.

Considera também que se perdeu “uma oportunidade de fazer uma verdadeira reforma do ensino superior em Portugal”. As críticas de Novais Barbosa estendem-se ainda à forma de avaliação dos professores, um “modo fácil” na opinião do reitor da UP.

Curso de Jornalismo motor do lançamento de rádio e TV da universidade

Na entrevista a JPN, Novais Barbosa apontou ainda o futuro do curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação que, já no próximo ano lectivo muda de instalações, para o antigo edifício da Faculdade de Direito, na Praça Coronel Pacheco. Actualmente decorrem negociações para que este curso tenha sede no Media Park, no Monte da Virgem.

Ainda quanto ao futuro do curso, Novais Barbosa caracteriza o novo presidente da direcção, Rui Centeno, como “um entusiasta do Jornalismo” e que vai ter entre mãos, em colaboração com o Centro de Investigação, o lançamento na UP de uma rádio e televisão internas.

Numerus clausus aguardam decisão do Ministério

Novais Barbosa considera “preocupantes” as regras que estão na base da definição do número de entradas para cada curso. A proposta elaborada pelo Conselho de Reitores referia os numerus clausus deste ano ou de há dois anos. “Na altura, manifestei o meu desacordo com um voto e as coisas correram de tal maneira que comuniquei isso ao Ministério mas, de qualquer modo, o que saiu é com base no que se verificou há dois anos”, explica.

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O reitor aguarda a resposta do Ministério da Ciência e do Ensino Superior relativamente a uma proposta de definição de “critérios diferentes”, perante uma referência a “condições especiais da Universidade e do meio em que se insere”. Prevista para 17 de Maio, a decisão final ainda não chegou às suas mãos.

Medicina propôs ainda um ligeiro aumento além do contrato-programa, uma “demonstração de boa vontade da Faculdade”. O reitor comenta que não há condições para mais: “os estudantes não podem ter aulas nos corredores, embora os do Hospital S. João sejam largos”.

Manuel Jorge Bento