O último relatório da UNICEF “Progressos para as crianças”, sobre a paridade de género no ensino básico, foi apresentado ontem. Os resultados do relatório indicam que o número de raparigas matriculadas nas escolas primárias aumentou, chegando mesmo a superar ligeiramente o dos rapazes – por cada 98,7 rapazes havia em 2001, em média, 99,3 raparigas.

No entanto, e apesar dos avanços conseguidos, Portugal continua a ser um país de excepção, já que milhões de raparigas em todo o mundo continuam a não ter sequer acesso à instrução primária. Para a Directora Executiva da UNICEF, Carol Bellamy, privar as raparigas do acesso à escola é bastante grave, até porque “a educação em muitos países é como uma ‘bóia de salvação’, especialmente para as raparigas”. Na apresentação do relatório, Carol Bellamy explicou que “uma rapariga não escolarizada fica mais vulnerável ao VIH/SIDA e em piores condições para vir a cuidar de uma família saudável”.

O nível de instrução das mães é um factor que se reflecte na escolarização de uma criança. Nos países em desenvolvimento, cerca de 75% das crianças que não estão na escola são filhas de mães que também não tiveram acesso à educação. Esta relação varia enormemente de região para região: 28% no Médio Oriente/Pacífico contra 80% na África Ocidental e Central, no Sul da Ásia e no Médio Oriente/Norte de África.

A UNICEF é uma das organizações que lideram a Iniciativa das Nações Unidas para a Educação das Raparigas (UNGEI). Em parceria com governos, países doadores, organizações não governamentais, a sociedade civil, o sector privado, e comunidades e famílias, a UNGEI propõe-se acabar com as disparidades entre sexos no ensino primário e secundário e conseguir educação primária para todos até 2015.

Bruna Pereira