O presidente timorense apelou à calma e à não ocorrência de confrontos no seguimento das manifestações convocadas pela Igreja na passada terça-feira. “Não pode haver nada. É direito do cidadão protestar, mas se a manifestação tem como objectivo deitar abaixo o Governo eu não permito”, afirmou, defendendo que pedir a demissão do governo sem ser através da via eleitoral não faz sentido constitucionalmente.

Recorde-se que o ministro do Interior timorense, Rogério Lobato, em declarações à agência Lusa, acusou a Igreja Católica do país de estar a “orquestrar uma tentativa de golpe de Estado”, ameaçando a utilização da força por parte das forças policiais, caso os manifestantes tentem invadir o palácio do governo.

Xanana Gusmão criticou ainda a utilização de imagens religiosas (de Nossa Senhora) numa manifestação política, considerando mesmo que a hierarquia da Igreja “perdeu um bocado o objectivo da manifestação; não se devem misturar as duas coisas: política e estátuas”. “A Igreja devia ter um papel mais de educação cívica, para aumentar a consciência democrática da população”, afirmou o presidente de Timor, reiterando a sua confiança num decorrimento pacífico das manifestações, visto que foi a Igreja a convocá-las.

Xanana Gusmão falava à imprensa, acompanhado pelo presidente do Parlamento Nacional, Francisco “Lu-Olo” Guterres, e pelo primeiro-ministro, Mari Alkatiri, quando se preparava para partir para a Indonésia, onde representará Timor-Leste na Cimeira Ásia-África.

Daniel Brandão