Acompanhado pelo primeiro-ministro, José Sócrates, e pelo dirigente socialista Jorge Coelho, Francisco Assis formalizou ontem, ao final da tarde, a sua candidatura à Câmara Municipal do Porto. Assis apresentou um “discurso positivo”, contrastante com o “cinzentismo” que considera estar a dominar a cidade. Uma ideia que foi reforçada por Sócrates que diz que o Porto precisa de um “novo projecto, nova ambição, nova energia”. O discurso político de Rui Rio é, para Sócrates, “a versão do discurso da tanga” do anterior Governo PSD/PP.

“Francisco Assis é um dos políticos mais talentosos do país”, afirmou o secretário-geral do PS. “É um político culto, com muita experiência. Foi o mais jovem autarca [na Câmara de Amarante], o mais jovem membro do secretariado nacional e líder parlamentar”, caracterizou. Sócrates deu o exemplo do dossiê Felgueiras, em que Assis terá revelado “uma grande coragem política”.

O candidato socialista à autarquia afirmou, no Pátio das Nações do Palácio da Bolsa, que o “Porto está parado”, e deixou duras críticas ao actual Executivo camarário. Assis considera que o mandato do actual presidente, Rui Rio, corresponde a “quatro anos cinzentos, marcados pela lamúria e pelo conflito”. O ex-presidente da autarquia de Amarante acusou a Câmara Municipal do Porto de olhar “para os cidadãos com desconfiança e para o futuro com resignação”.

Francisco Assis considera que o Porto tem vivido como “um estado fechado” e propõe-se a acabar com o “espírito de caserna e de paróquia que caracteriza o discurso político da cidade”. “O Porto vive um espírito de crise e pessimismo”, afirmou. Em contraste, caracterizou a atitude da sua candidatura como “positiva e de confiança”. Assis garante que não vai “perder um minuto a constestar o que os outros fizeram ou deixaram de fazer, mas sim a resolver os problemas da cidade”.

As críticas a Rui Rio dominaram o discurso e não podia faltar uma referência ao maior clube da cidade: o Futebol Clube do Porto. Assis considera que, para se afirmar, o Porto não pode “estar em conflito com o que tem de melhor”. O candidato socialista defende que “o Porto tem que ser percebido como uma região com capacidade de afirmação a nível nacional e europeu”.

As prioridades de Assis

Francisco Assis considera a “questão metropolitana como central”, referindo a necessidade de “reforçar a ligação entre Porto e Gaia”. Além disso, defende “uma boa política de urbanismo” e a “revitalização do centro histórico” que, afirmou, “não pode ser um condomínio para as classes mais abastadas”. O PS pretende apostar na “qualificação do território, das pessoas e das instituições, para atrair e fixar “empresas, actividade económica, tecnologia e dinamismo para o centro histórico”. A criação de emprego é também uma prioridade.

Francisco Assis considera, no entanto, que “o Porto não se resume ao centro histórico”. “Há hoje novas centralidades que estão a emergir e para as quais é necessário olhar com atenção”, afirmou, citando os exemplos do pólo universitário da Asprela e a zona industrial de Ramalde. “É inaceitável que se perpetue uma situação como aquela que se vive no pólo universitário da Asprela. É necessária uma intervenção imediata no sentido de fazer daquele espaço um verdadeiro campus universitário, porque isso é condição para a afirmação do Porto como grande cidade que valoriza o conhecimento científico, a investigação e a vida universitária”.

Assis confirmou que não havia hipóteses de uma coligação de esquerda, devido à renitência da CDU e do Bloco de Esquerda, mas garantiu que “o Partido Socialista não vai parar por causa dessas questões”.

Anabela Couto
Foto: Lusa