Emídio Guerreiro morreu hoje, quarta-feira, num lar em Guimarães, onde esteve internado durante alguns dias. Foi um forte opositor da ditadura militar imposta em 1926 e do salazarismo que viria depois.

Segundo António Arnaut, grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL), o corpo de Emídio Guerreiro será transladado ainda hoje para Lisboa. Por vontade do próprio, membro da Loja 25 de Abril do GOL, as cerimónias fúnebres vão realizar-se no Palácio Maçónico, onde o corpo ficará em câmara ardente. A data do funeral ainda não é conhecida.

António Arnaut afirmou que a morte de Emídio Guerreiro põe “o país e a maçonaria em luto de saudade e gratidão”.

Nasceu a 6 de Setembro de 1899, em Guimarães. Foi aluno de Matémática na Universidade do Porto.

Lutou contra a opressão em vários contextos, contra a ditadura militar imposta em 1926, contra Franco na Guerra Civil Espanhola e contra o Estado Novo.

Em 1967, fundou, na clandestinidade, a LUAR. Depois do 25 de Abril, faz parte do núcleo de fundadores do PPD. Em 1975, torna-se secretário geral do partido e no mesmo ano abandona-o, descontente com o rumo que o partido estava a seguir, tendo-se aproximado nos últimos anos do PS.

“Como não pode haver dignidade se não houver liberdade, naturalmente que eu lutei pela liberdade. Lutei contra todos os regimes prepotentes, lutei contra todas as ditaduras”, afirmou em entrevista ao “Expresso”, por ocasião do centenário do seu nascimento.

Sampaio e Sócrates elogiam cidadão

O Presidente da República lamentou hoje a morte de Emídio Guerreiro, que recorda como um “cidadão militante, resistente à ditadura, político e parlamentar”.

O primeiro-ministro, José Sócrates, afirma, num telegrama citado pela Lusa, que “foi com pesar” que recebeu “a notícia do falecimento de Emídio Guerreiro, personalidade ilustre que marcou a vida política portuguesa do século XX e cuja vida constituiu um exemplo de coragem e de dedicação à causa da democracia”.