A solução para o Túnel de Ceuta foi hoje, quinta-feira, apresentada, sem a presença de dois dos actores principais do impasse – o presidente da Câmara do Porto (CMP), Rui Rio, e o Ministério da Cultura.

Um dia depois da aprovação do projecto pelo Conselho Consultivo do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), foram anunciados os pormenores da “solução arquitectónica” alcançada pelo instituto e pela empresa municipal Gestão de Obras Públicas (GOP).

A obra pode ser reatada em Março e concluída no final de Julho, afirmou Pinho da Costa, da GOP.

A saída do túnel mantém-se no mesmo sítio, mas será criada uma zona de circulação automóvel a baixa velocidade, em jeito de praça (lajeado de granito amarelo) com 73,50 metros (abarcando toda a frontaria do Museu Nacional de Soares dos Reis). A velocidade máxima será de 30 quilómetros horários.

O lajeamento implicará um “custo adicional”, ainda não calculado, mas que deverá ser “marginal”, garantiu o presidente do IPPAR, Elísio Summavielle. “Estamos a tratar da envolvente de um monumento. O Museu Nacional de Soares dos Reis (MNSR) sai dignificado”, disse.

Apesar do local de saída ser o mesmo do projecto que foi “chumbado” pelo IPPAR, a inclinação da rampa de saída foi aumentada em 1%, o que permite a deslocação do ponto de concordância da rampa com a superfície da rua em 9,46 metros. A alteração permite ainda o afastamento dos muretes da frontaria do museu em 5,3 metros e o recuo do guarda corpos da frontaria do MNSR em 5,8 metros.

As mudanças relativamente ao projecto inicial incluem ainda a instalação de bandas sonoras no topo da rampa de saída do túnel para reduzir a velocidade dos veículos e a inclusão de sinalização de velocidade máxima (30 quilómetros horários) e limitadores de tráfego nos limites dos passeios.

IPPAR não fala sobre o passado

O responsável pela entidade que “chumbou” no início de 2005 o prolongamento do Túnel de Ceuta até à Rua D. Manuel II não quis “falar do passado”, nem comentar a acção da direcção anterior do IPPAR.

Elísio Summavielle lembrou que tomou posse no IPPAR apenas em Dezembro passado e sublinhou o “diálogo positivo, construtivo e sem ruído” que o instituto manteve com a CMP desde então. O presidente disse ainda que “manda o bom senso” que sejam retiradas as acções legais movidas pela Câmara e pelo IPPAR no decorrer do braço de ferro.

Pinho da Costa, da GOP, elogiou a intervenção da actual direcção do IPPAR em relação à anterior.

Questionado sobre os largos meses que foram precisos até atingir uma solução aparentemente simples, Elísio Summavielle sublinhou que o desbloqueamento do projecto “levou o tempo que foi necessário”. “Há certas matérias que são exigentes porque estamos a mexer em património”, justificou.

No final da conferência, a directora do MNSR, Teresa Viana, que assistiu à apresentação, disse aos jornalistas que o projecto actual é “um bocadinho melhor” do que o anterior. A solução é “bem-vinda”, disse, qualificando a situação actual – o museu tem vindo a perder clientes devido às obras – como um “calvário”.

Pedro Rios
Fotos: Pedro Rios
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