A União Europeia, através da França, da Alemanha e do Reino Unido, não conseguiu chegar a acordo hoje, sexta-feira, com o Irão acerca do programa de enriquecimento de urânio do regime de Teerão.

O impasse mantém-se, a três dias da reunião definitiva da Agência Internacional para a Energia Atómica (AIEA), que vai traçar o relatório a enviar para o Conselho de Segurança das Nações Unidas, que, por sua vez, vai decidir que medidas tomar contra o Irão.

Enquanto os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia exigem a suspensão do programa de enriquecimento de urânio – o primeiro passo para construir armas nucleares -, o negociador iraniano, Ali Larijani, afirma, de acordo com a edição “online” da BBC, que o seu país tem “o direito soberano” de enriquecer urânio, e sublinha que o objectivo do programa é pacífico.

Impasse favorece Irão

O general Loureiro dos Santos, em declarações ao JPN, é da opinião que com a manutenção deste impasse negocial “os objectivos explícitos do Irão”, como ter energia nuclear e investigação no campo do nuclear, “estão alcançados”.

De acordo com o antigo ministro da Defesa português, o objectivo do Irão é “ter capacidade para produzir armas nucleares”, o que não significa necessariamente produzi-las, mas sim ter a possibilidade de o fazer caso seja necessário estrategicamente.

A última proposta na mesa de negociações é a da Rússia, que pede ao Irão o abandono do controle do seu programa nuclear, passando para solo russo. De acordo com o negociador iraniano, Ali Larijani, citado pela Associated Press, a passagem da discussão sobre o nuclear iraniano para o Conselho de Segurança das Nações Unidas vai pôr termo às negociações com a Rússia.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, afirmou que ainda acredita que um acordo seja possível antes da reunião da AIEA na segunda-feira.

Loureiro dos Santos diz que mesmo que não se chegue a um acordo até segunda-feira e a AIEA transfira a discussão para o Conselho de Segurança, os 15 países não irão além de tomadas de posição diplomáticas, dada a importância do Irão em termos económicos para países como a Rússia. As hipóteses de acção militar ou sanções económicas estão colocadas de parte, explica o militar.

“A única solução possível”, defende Loureiro dos Santos, “é permitir a investigação nuclear sob a inspecção apertada da AIEA”.

Tiago Dias
Foto: SXC