A Praça D. João I, no Porto, foi palco ontem, segunda-feira, véspera do feriado de 25 de Abril, das comemorações em homenagem à Revolução dos Cravos de 1974. Como o lema “25 de Abril – Defender e Fazer cumprir a Constituição”, gente de gerações distintas, portugueses e estrangeiros, partilharam a mesma mística e o mesmo orgulho por pertencer a um tempo de democracia.

O espectáculo foi organizado por um grupo de associações ligadas ao 25 de Abril e aos principais intervenientes na revolução de 74: Federação das Colectividades, Associação José Afonso (AJA), Movimento pela Paz, União dos Sindicatos do Porto e Associação 25 de Abril.

O programa deste ano contou com a participação especial da orquestra da Son de Seu e da cantora Uxia Senlle, convidados especiais vindos da vizinha Galiza, um grupo numeroso que quis juntar-se às Comemorações do 25 de Abril e homenagiar uma revolução que “sendo do Povo, é de todos nós”.

“A palavra e a poesia ajudam a lembrar que é o povo que mais ordena. Por partilhar os valores de Abril, é uma honra e um prazer muito grande estar aqui em Portugal, no norte que eu tanto adoro, a festejar o 25 de Abril Português. Hoje é um dia muito especial porque sentimos Portugal como o país irmão de todos os Galegos”, afirmou, comovida, a cantora Uxia Senlle.

Um dos membros da organização, Manuel Leitão, do Movimento pela Paz, lembrou que “o 25 de Abril é uma data universal, dado que as suas consequências não se limitaram a Portugal. O processo que a revolução de 74 desencadeou afectou todo o território português, todos os países de língua portuguesa e que estavam e estão ainda ligados a Portugal”.

O 25 de Abril e as novas gerações

Questionado acerca da pertinência destas comemorações 32 anos depois, Manuel Leitão lamentou o conflito de gerações mas deixou a esperança de que os mais novos continuem a comemorar “uma data que lhes mudou a vida” e a homenagear os homens que foram responsáveis por essa mudança.

“Para as pessoas de uma determinada idade que o viveram, é uma data que continua a ser vivida com todo o entusiasmo e com todo o carinho. Para os jovens, compreendo que esse simbolismo não tenha tanta força mas, apesar do conflito de gerações, a mensagem vai passando e tenho convicção de que o 25 de Abril ainda está vivo”, disse Manuel Leitão.

AJAForca_25dabril.jpgOutro dos pontos altos das Comemorações de ontem, foi a actuação do Grupo AJAForça (na foto), um grupo que surgiu da AJA, elementos que já tocavam as músicas de José Afonso e que entretanto se uniram para formar um quinteto.

Segundo Gabriela, membro da AJAForça, “ainda se podia comemorar e assinalar ainda mais o 32ª aniversário do 25 de Abril. É importante que o 25 de Abril não caia no esquecimento, que as pessoas lembrem e saibam o significado dos valores de Abril e aquilo que uma geração inteira lutou para conquistar e sofreu para construir. Agora cabe às gerações mais novas fazer vingar”.

Entre discursos e actuações apaixonadas, a noite ficou marcada por lemas e palavras de ordem antigas, como “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais”. De cravo vermelho ao peito, rapidamente os populares se envolveram no clima de euforia e entoaram na audiência os mesmos cânticos que se ouviam no palco.

Além das participações galegas, subiram, ao palco os membros do quinteto AJAForça, o Grupo Coral da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e o Grupo de Dança e Música Africanas moçambicano.

Texto e fotos: Paula Teixeira