O primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, ordenou directamente às Forças Armadas que interviessem no lugar da polícia, na sequência das manifestações dos militares peticionários nos dias 28 e 29 de Abril. A acusação, citada pela Agência Lusa, foi feita pelo número dois da hierarquia militar, o major Reinado, no primeiro dia do congresso da Fretilin.

A ordem de intervenção das Forças Armadas foi dada “oralmente” e sem o conhecimento do Presidente da República, na presença de um gabinete de crise, constituído pelo Comandante-geral da polícia timorense e pelos ministros de Estado, da Defesa e da Administração Estatal.

De acordo com a lei orgânica das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste, as Forças Armadas só podem auxiliar as forças policiais num estado de crise declarado pelo Governo em concertação com o Presidente da República.

A manifestação dos 595 militares “peticionários” contra o seu afastamento do Exército gerou confrontos violentos com elementos das Forças Armadas que provocaram cinco mortos e dezenas de feridos e a fuga da maioria da população da capital Díli para o inteiror do país.

A população aguarda agora os resultados do Congresso da Fretilin, que até sexta-feira vai eleger o secretário-geral e o presidente do partido, para regressar à cidade. Mari Alkatiri já ameaçou demitir-se se José Luís Guterres for eleito para líder da Fretilin.

Inês Castanheira