Os cerca de dois milhões de portugueses que sofrem de dor crónica necessitam de recorrer a fármacos opióides, como a morfina. No entanto, o acesso a esses medicamentos é condicionado por uma série de barreiras. Os opióides são indispensáveis nos cuidados paliativos.

A prescrição médica é, na maioria dos casos, o primeiro problema a enfrentar. Segundo a farmacêutica Irundina Agante, directora técnica da Farmácia das Guardeiras, na Maia, os médicos, na generalidade, têm muita relutância em prescrever este tipo de fármacos para evitarem assumir a responsabilidade.

“Os doentes têm que sofrer muito até conseguirem chegar a este tipo de substâncias”, lamentou ao JPN a farmacêutica, que ressalva, no entanto, os médicos de instituições como o Instituto Português de Oncologia.

O utente que chega a uma farmácia para comprar opióides deve fazer-se acompanhar da receita especial e do bilhete de identidade do doente. No estabelecimento deve ficar o registo de identificação completa do doente e do médico que prescreveu o fármaco.

Devido a estas restrições a ao elevado preço dos medicamentos, que resulta da necessidade de grandes quantidades de opióides, muitos pacientes acabam por ser internados, o que contribui para a sobrecarga nos hospitais.

Sara Santos Silva
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Foto: Paula Teixeira/Arquivo JPN