Casa da Saúde é o nome do projecto inovador que o grupo privado Sanusquali pretende pôr em prática ainda este ano, num conceito diferente e inexistente em Portugal. Apesar de a ideia já estar formada há algum tempo ainda não tinha sido dada a luz verde pelo Ministério da Saúde para avançar.

Na última semana, o ministério comunicou que as novas regras para as convenções com os privados vão ser postas em discussão pública até ao final do mês, desbloqueando a iniciativa que tinha ficado na gaveta desde Agosto do ano passado.

O que se pretende é “agregar no mesmo espaço físico pensado de raiz a totalidade dos prestadores de cuidados de saúde em todas as áreas bem como as actividades mais comerciais de suporte à actividade médica”, explica ao JPN Nuno Delerue, coordenador do projecto.

Será uma espécie de centro comercial ou loja do cidadão, mas apenas virado para a saúde e bem-estar. Nuno Delerue exemplifica que será possível ter uma clínica de oftamologia junto com uma óptica e uma clínica de otorrino, bem como uma loja das próteses.

O utente pode, assim, fazer exames médicos e no intervalo ir à livraria ou então ir ao ginásio e marcar consulta para o dia a seguir ou ir ao oftalmologista e, no fim, passar pelo spa e fazer uma massagem. Além disto, o que se quer é aproveitar as novas tecnologias através do uso de notificação electrónica de consultas e exames, acesso à informação clínica via internet, entre outros.

Casa da Saúde “facilitadora”

Apesar de ser uma iniciativa privada, estes shoppings da saúde não vão ser apenas para alguns, uma vez que se pretende estabelecer acordos com o SNS (Serviço Nacional de Saúde) que passam pelo utente poder utilizar os serviços pagando apenas a taxa moderadora correspondente.

Os shoppings vão concorrer directamente com outras clínicas ou consultórios privados em cada distrito, o que Nuno Delerue considera uma competição normal, uma vez que há mercado de saúde público e privado. “Contudo, não colocámos o problema assim, porque a escassez de profissionais em Portugal faz com que a concorrência seja muito limitada”, afirma Delerue.

Pelo menos uma por distrito

As Casas da Saúde vão ser construídas por todos os 18 os distritos do país, pelo menos uma por cada, mas vai haver alguns distritos que vão ter mais do que uma. No entanto, a escolha dos concelhos para a implantação deste serviço depende das melhores ofertas de contrapartidas, especialmente, em terrenos e taxas locais.

“No que respeita à concelhia houve um apurado estudo que fez com que nós tivéssemos consultado cerca de 70 concelhos onde entendemos que uma iniciativa destas faz sentido para que se possa, então, fazer uma opção final pelos 25 que deverão ser os eleitos”, afirma Nuno Delerue.

Maior investimento privado em Portugal

O projecto vai ter um custo de 1,2 milhões de euros que vai ser financiado pelo grupo privado, constituído pelo Grupo H Win, a Casa da Saúde de Guimarães, o Hospital Internacional do Algarve e a Geversi. É considerado pelos responsáveis como o maior investimento privado em Portugal.

Para gerir o dinheiro e o projecto em si foram criadas duas empresas denominadas Sanusquali SGPS e Sanusquali Serviços, das quais fazem parte nomes importantes do panorama português como José Vila Nova, presidente do Grupo Trofa ou Teófilo Leite, representante da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada.