A Junta de Freguesia de Vilar de Mouros e a Portoeventos, empresa concessionária do Festival de Vilar de Mouros desde 2004, estão a negociar um acordo no sentido de “cancelar o protocolo” que estabelece a concessão até 2010.

Em entrevista ao JPN, Carlos Alves, presidente da Junta de Freguesia, justifica a decisão com o facto de a Portoeventos “não cumprir com o protocolo” assinado pelas duas entidades. Por outro lado, o autarca não chega a confirmar o cancelamento da edição deste ano do “Woodstock português”, limitando-se a afirmar que “vai ser muito difícil que esta edição se possa realizar”.

Empresa pública

Júlia Paula Costa, presidente da câmara de Caminha, propõe a criação de uma “empresa da responsabilidade da câmara e da Junta de Freguesia, à semelhança do que acontece em Vila Nova de Cerveira”, para assegurar a realização do evento.

O presidente da Junta de Freguesia de Vilar de Mouros revela-se disponível para avaliar a proposta. “Estamos abertos a essa ou a outras hipóteses. Para nós ainda não é muito claro como é que essa empresa poderia funcionar, mas naturalmente que estamos abertos a essa discussão”, diz.

Carlos Alves refere que, neste momento, não existe nenhum problema entre a Junta de Freguesia de Vilar de Mouros e a autarquia de Caminha. O presidente da junta diz que as duas instituições estão a “dialogar no sentido de dar dignidade e importância a um evento que é muito importante para a região”.

“Câmara nunca viu o festival com olhos de ver”

No entanto, Carlos Alves considera que a câmara de Caminha “nunca viu o festival de Vilar de Mouros com olhos de ver”. “Não projecta o concelho, não projecta a região”, acusa.

Por outro lado, a presidente da autarquia de Caminha afirma ao JPN que “a câmara sempre apoiou o festival” e que está “disponível para qualquer cenário”, disponibilizando-se para prestar “apoio logístico” de acordo com as possibilidades de gestão de dinheiros públicos.

A autarca refere uma verba de 80 mil euros, refutada pelo presidente da junta. “Eu contesto esses 80 mil euros, porque houve um ano em que ficou por cerca de 50 mil euros, e isto são contas apresentadas pela própria câmara”, explica.

Festival de Vilar de Mouros “perdeu qualidade”

Júlia Paula Costa considera que “nos últimos dois anos, o Festival de Vilar de Mouros perdeu qualidade”. “Era degradante ver a forma como o festival estava a decair”, reforça.

O presidente da Junta de Freguesia não é da mesma opinião. Para o autarca, “os dois últimos festivais tiveram nomes sonantes, nomes da música a nível mundial que continuaram a marcar o festival”.

No entanto, Carlos Alves admite que o evento musical “poderia ter um lugar entre os maiores festivais da Europa e podia ser projectado nesse sentido, mas a culpa não vem só de há dois anos”. “A culpa disso foi uma má visão das empresas de 1996, que não apostaram devidamente no Festival de Vilar de Mouros. Nem as empresas nem, talvez, a câmara de Caminha, ainda com outro executivo”, diz.

Estão agendadas reuniões para os próximos dias, onde será decidido o futuro do festival. O presidente da junta de Vilar de Mouros diz que já está “muito trabalho feito”, faltando “alguns passos, limar algumas arestas”.