Acarinhados pelos portugueses desde os primeiros passos na carreira, os Tindersticks foram recebidos, no passado sábado, na Casa da Música, com o entusiasmo de quem nunca se cansa deles.

“The Hungry Saw” pôs fim ao hiato de cinco anos nos trabalhos do grupo e iniciou o espectáculo. Após uma breve e delicada introdução instrumental, a nova “Yesterday Tomorrows” desperta o público para cadências lânguidas, pulsadas pelo swing do baixo e da pandeireta.

O single “The Hungry Saw” ou o tema “The Flicker Of A Little Girl” não passam despercebidos: a timidez que se pode sentir no álbum assume-se numa pop mais extrovertida e robusta.

Com músicos de elevada competência em palco, os arranjos moldam-se através de uma sofisticação assinalável. “Dying Slowly” flui num instrumental arrebatador; “Sleepy Song” entranha-se com uma suavidade inquietante. A voz de Stuart Staples, com todas as suas singularidades, é só por si um turbilhão de emoções que expõe a música em toda a sua força.

Ao vivo, nota-se a capacidade dos Tindersticks em arquitectar diferentes ambientes sonoros. Da beleza crua e dos violinos plangentes de “She`s Gone” ou da nova “Come Fell The Sun”, salta-se para a melancolia com toques mariachi de “Say Goodbye To The City” ou para a intensidade rock de “Her”, recebida em aplausos pelo público que encheu a Sala Suggia.

“Tiny Tears” vem no encore e fecha o concerto com Stuart Staples numa entrega sentida (registada em grande parte da actuação) a que a canção obriga.