O desordenamento territorial, a movimentação do interior para o litoral, a destruição dos solos e a “ausência de uma cultura preventiva por parte das políticos portugueses” foram alguns dos problemas debatidos esta sexta-feira, durante mais uma sessão das “Conversas de Fim de Tarde” sobre a área do Ambiente, promovidas pela Fundação de Serralves,
Intitulada “Megacidades, o nosso futuro global”, a sessão contou com a participação de representantes da Universidade Nova de Lisboa, da Universidade do Porto e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte.
João Joanaz de Melo, da Faculdade de Ciências e Tecnologias da UNL, lembrou que “este ano o Verão começou em Março” com o início dos incêndios e encarou este problema como um “desmazelo e não uma fatalidade”. Sobre o urbanismo, o investigador alertou para o “exagero de licenças de construção e falta de iniciativas de recuperação que derivam numa área urbanizável para mais 30 milhões de habitantes”.
Do departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), Teresa Sá Marques focou-se nas diferentes noções que os cidadãos têm do campo e da cidade declarando que “nem o interior está desertificado nem o litoral está apinhado”. “Nós temos o território que merecemos”, afirmou a especialista, apoiando João Joanaz na visão do cidadão enquanto “veículo de mudança”.
Em representação da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Carlos Duarte finalizou a conversa com a explicação do “efeito donut” nas cidades, um fenómeno que “conduziu ao crescimento desregrado de periferias urbanas de elevadas densidades”. Os três oradores convergiram na importância do cidadão como agente activo no panorama ecológico mas também na “ausência de uma verdadeira política de ordenamento do território”.
As “Conversas de Fim de Tarde” de Serralves vão voltar a debater o Ambiente a 16 de Abril, 21 de Maio e 18 de Junho.