Estudantes das Faculdade de Letras e de Engenharia da Universidade do Porto assinlaram, este terça-feira, a passagem do Dia do Estudante, com manifestações contra o Processo de Bolonha e contra o pagamento das propinas.

Por volta da uma tarde, eram cerca de 100 as pessoas que se aglomeravam à entrada da FLUP. Empunhando cartazes, os manifestantes começaram por fazer mira às propinas que “afastam cada vez mais os estudantes do Ensino Superior”. Ainda assim, o alvo principal foi o Processo de Bolonha, que faz com que “os alunos saiam da faculdade completamente inaptos para irem para o mercado de trabalho., afirma António Teixeira que, aos 67 anos, está a terminar o curso de Filosofia. “Protestar é importante e não é só coisa de jovens que querem mudar o mundo”, atira.

Numa manifestação que contou com a presença de vários estudantes Erasmus da FLUP, discutiu-se ainda a fraca mobilização dos mais jovens para este tipo de iniciativas. “O problema é que a maior parte dos estudantes se integra no modelo de vida: acabar os estudos, ter dinheiro e consumir. É muito difícil motivar as pessoas porque elas não entendem que estão a perder com essa realidade”, assinala o alemão Franz Lorenz, estudante de Línguas. A italiana Livia Gero toca mais a fundo na ferida: “É importante fazer alguma coisa, mas os estudantes protestam e depois não se muda nada”.

Para Diana Cunha, que aderiu à manifestação ao passar pela porta da FLUP, “a importância das manifestações é muito maior do que as pessoas pensam. Vejam o exemplo da Espanha, que com tantas manifestações organizadas por estudantes parou com o Processo de Bolonha”, nota.

Os cortes na Acção Social Escolar e a aplicação do modelo fundacional nas universidades foram outros dos temas que mereceram protestos dos estudantes. Palavras de ordem que vão voltar a fazer-se ouvir já no dia 1 de Abril. “ Vamos concentrar-nos na FLUP e iremos até à praça da Reitoria manifestar-nos. Vamos usar o simbolismo do dia, que é o dia da mentira, e a acção social será a mentira do dia”, anucia Rúben Coelho, presidente da AEFLUP.

Alunos da FEUP acusam faculdade de “censura”

Também os alunos da Faculdade Engenharia decidiram assinalar o Dia do Estudante. O MOVE (Movimento de Intervenção em Engenharia) convocou uma manifestação na entrada principal da faculdade, mas contaram-se pelos dedos das mãos os estudantes que aderiram ao protesto.

Nuno Rodrigues, representante do MOVE, defende que a principal dificuldade na organização de acções de reivindicação reside no facto de os dirigentes da Faculdade “impedirem a colocação de cartazes de divulgação, a realização de debates, exercerem controlo e desinformação.” Mesmo assim, Nuno Rodrigues acredita que a tendência futura será a “união dos estudantes numa luta fundamental”. Por outro lado, salienta que o MOVE é um movimento recente e com “capacidade para crescer.”

Apesar da pouca afluência dos alunos da FEUP, os manifestantes prometem continuar a lutar contra as propinas, o processo de Bolonha, o RJIES e a passagem da U.Porto a fundação. Por enquanto, o MOVE “pretende agir apenas dentro da faculdade de engenharia”. Mesmo tratando-se de uma luta comum às várias faculdades da universidade, “os problemas que nos afectam directamente na FEUP são prioridade”, reforça Nuno Rodrigues.