As chamadas falsas para o 112 têm vindo a decrescer na Região Norte. “Uma tendência civilizadora”, salienta fonte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). Este é um fenómeno que pode dificultar, seriamente, o trabalho do INEM, por vezes com consequências graves, como ocorreu, segunda-feira, em Matosinhos.

Uma chamada feita pelas 16h00 dava conta de um incidente num café da Avenida Joaquim Neves dos Santos, com duas pessoas “baleadas” e “em perigo de vida”. A chamada, feita a partir de uma cabine telefónica, obrigou os funcionários do INEM a abandonar um doente grave que estavam a socorrer.

Segundo Raquel Leal, do gabinete de imprensa do INEM, “não existem dados nacionais” sobre quantas chamadas falsas são feitas por ano. Isto porque o processo estatístico ainda não está “uniformizado”, existindo sistemas diferentes “a nível regional”, uma situação que o instituto está “a trabalhar para mudar”. No entanto, o INEM pode avançar que as ocorrências no Norte “têm vindo a decrescer”.

Analisando os dados da Delegação Regional do Norte do INEM, avançados ao JPN por telefone, a tendência decrescente fica provada: se em 2005 se efectuaram 2262 chamadas falsas, já em 2008 registaram-se 990. “As pessoas têm que entender que têm que respeitar os direitos cívicos”, conclui Raquel Leal.

Não existem dados actuais sobre quantas chamadas falsas resultam em acções por parte do INEM, sendo que as últimas estatísticas nacionais, efectuadas em 2006, apontam para um total de 8.948 ocorrências em que o serviço saiu por causa de chamadas falsas, num total de 24.281 telefonemas falsos registados. A representante do INEM realça que “o 112 já faz uma triagem” e, por isso, “muitas vezes descobrem que é uma chamada falsa antes de a reencaminharem”.

Quanto às penalizações legais, a representante explica que “no caso de ontem [segunda-feira], por exemplo, a chamada foi feita a partir de uma cabine telefónica”, o que impede qualquer tipo de acção legal. “Noutros casos, quando é possível apurar o número de onde ligaram, reencaminhamos para as autoridades competentes”, esclarece.