Em Dezembro de 2008 foi afixada na fachada do Teatro Sá da Bandeira (TSB) o anúncio de venda da sala, um exclusivo da imobiliária Kendal & Associados.

“O teatro pertence a uma família e os herdeiros, que já são bastantes neste momento, decidiram pôr o teatro à venda. Já há alguns anos que pensavam nisso”, esclarece José Luís Kendal, proprietário da Kendal & Associados (K&A), ao JPN.

132 anos de existência

A longa história do Teatro Sá da Bandeira começa a ser escrita a 4 de Agosto de 1855, com a inauguração do então “Teatro Circo”. Primeiro, uma estrutura de madeira, foi, 12 anos depois, substituído por pedra e cal. O edifício, tal como o conhecemos, foi inaugurado em 1877, mas só em Outubro de 1910, pouco depois da Implantação da República, viria a ser chamado Teatro Sá da Bandeira. Mas nem só de música se fez esta sala. Foi também aqui, a 12 de Novembro de 1896, que Aurélio da Paz dos Reis apresentou os primeiros filmes realizados por um português.

A decisão da venda foi influenciada pelo “grande número de donos” e pelo facto de serem cobradas aos inquilinos rendas antigas, o que “traz uma rentabilidade muito pequena para os proprietários”, justifica.

Os 5,5 milhões de euros exigidos pelos proprietários do teatro são “justos”, salienta José Luís Kendal. O responsável avança que já três empresas se mostraram “mais interessadas, pedindo plantas e áreas”.

Segundo José Luís Kendal, uma das empresas pretende transformar o TSB num “hotel design”, enquanto que outra tem em mente um projecto que, para além de “aproveitar parte do teatro”, envolve a criação de “galerias comerciais”.

O edifício está classificado no Plano Directivo Municipal (PDM), o que faz com que a fachada do edifício tenha “de ser mantida”. É, no entanto, “possível aumentar mais um piso”, acrescenta o proprietário da K&A.

José Luís Kendal lamenta que a “sala de espectáculos mais antiga do Porto” possa “desaparecer”, mas a verdade, acrescenta, é que “está muito degradada”.

O JPN tentou falar com o director do Teatro Sá da Bandeira, Manuel José Ribeiro, mas não obteve resposta em tempo útil.