JPN: A Gal ainda se recorda da primeira vez que subiu ao palco?

GC: Eu ainda não era cantora profissional, eu subi no palco num teatro, o Teatro Vila Velha, pequeno que tinha recém inaugurado em Salvador e havia uma série de espectáculos para essa reabertura. Eu me lembro que ao subir ao palco eu senti um pânico, um terror, eu olhei para aquela platéia na minha frente, soltei a voz e o resultado foi maravilhoso, surpreendente.

Então a música sempre foi uma grande paixão…

Desde criança eu gostei de música, queria ser cantora e estudava em casa, eu sou autodidata. Eu estudava na minha casa diafragma, respiração e tudo mais, eu sempre tive a consciência das técnicas que se precisa ter para cantar. Eu nasci com essa voz e agora é só cuidar. Eu cuido porque eu não fumo e eu não bebo, aliás, eu bebo às vezes uma taça de vinho, duas, no máximo, e não é todo dia. Quando eu era bem mais jovem, eu bebia, eu gostava de beber, eu bebia uísque, às vezes vodka, mas hoje em dia não. A verdade é que a bebida sempre me trouxe muita ressaca (risos) e isso me freava um pouco. Mas eu me cuido.

É mito a história de que a vossa mãe, quando ainda estava grávida de si, colocava música clássica para escutar?

É verdade, quando ela estava grávida, me esperando, colocava musica clássica todos os dias e escutava concentrada para que isso fosse transmitido à filha que ela esperava, que no caso era eu. E funcionou (risos).

A relação da Gal com a Bahia estendeu-se ao longo de todo o seu trabalho. Inclusivamente, no início deste ano, recebeu dos baianos um prémio pelas quatro décadas de carreira…

Faz doze anos que eu voltei para a Bahia. Estar lá sempre me faz recordar de minha vida, de minha infância, de minha adolescência. Receber esse prémio foi maravilhoso porque eu não esperava. Eu fui para fazer um espectáculo em Nova Iorque e no mesmo dia em que eu regressei a Salvador, eu recebi esse prémio, que foi uma surpresa para mim. Que maravilha! (risos) É bom saber que passou tanto tempo e a gente nem sente. Como o tempo passa…

Por falar em tempo, a Gal tem andado mais “desaparecida” nos últimos quatro anos…

Aconteceu uma grande novidade, eu sou mãe pela primeira vez. Eu nunca pude ter filhos por um problema físico, mas hoje eu tenho um filho de quatro anos, um menino lindo chamado Gabriel, que dá muita alegria. Eu acho que a maternidade é uma coisa renovadora, uma coisa fantástica, eu estou num momento muito feliz da minha vida com o meu filho, que eu amo muito. Eu acho que não há diferença entre ser mãe biológica ou não. Essa é a grande novidade que eu trago para vocês….

E nessa vida com muitas viagens e concertos, o Gabriel acompanha-la?

O Gabriel adora viajar e quando dá ele me acompanha, apesar das viagens serem cansativas. Claro que eu gostaria de ter sido mãe antes, mas o Gabriel não poderia ser outro. O meu filho é o Gabriel, então veio na hora certa. Gabriel é musical, não sei, vamos ver… (risos).