Começou esta quarta-feira a recolha de imagens para a inclusão de Porto e Lisboa no programa “Street View” do Google Maps. No final do ano, cibernautas de todo o mundo vão poder “passear” pela baixa das duas maiores cidades portuguesas com apenas alguns cliques.

Na Baixa do Porto, os comerciantes aprovam a iniciativa. A maioria não conhece nem usa a ferramenta da Google, mas tudo o que os torne conhecidos é bem recebido. Andreia Catarino, lojista, espera que “os turistas vejam e queiram conhecer” os lugares fotografados. Além disso, diz, “acaba por ser publicidade gratuita, o que é sempre bom”.

Cláudia Cristina também nunca usou o mais recente serviço de mapeamento da Google, mas admite que entrar para a rede é bom porque “é uma forma de se ser encontrado”: “há muita gente que anda agora ligada à Internet, qualquer coisa vai lá ver”, diz.

Como funciona o “Street View”

Para a criação de uma visão tridimensional de uma rua, a Google envia para o local um carro equipado com várias máquinas fotográficas. São recolhidas imagens simultâneas num ângulo de 360 graus, que vão ser depois sobrepostas de forma a poderem ser vistas como uma só. Numa segunda fase, são desfocadas as caras das pessoas e as matrículas dos carros, para não serem identificadas. O resultado final é a possibilidade de os cibernautas poderem “circular” pelos locais como se realmente estivessem lá.

Mas fotografar as ruas da cidade e publicá-las na Internet sem autorização nem sempre é bem visto por quem aparece nas imagens. A presidente da direcção da Associação de Comerciantes do Porto lembra que “pode haver quem ache mal” e não queira que a imagem da loja seja espalhada na rede. Laura Rodrigues lembra que às vezes “o acto mais simples é mal interpretado”, e por isso aconselha a consulta de um jurista.

Para se defender da lei, a Google vai “esconder” as pessoas e as matrículas dos carros que aparecerem nas fotografias tiradas. Inês Gonçalves, directora de Marketing da Google Portugal, explicou à Lusa que todas as pessoas vão ser “desfocadas” de forma a não serem reconhecíveis pelos cibernautas, e que mesmo assim os cidadãos podem pedir à empresa para não publicar a fotografia em que aparecem.

Alzira, comerciante na baixa do Porto, não liga a esses pormenores e diz que não se importa que a sua loja apareça na Internet: “não temos nada a esconder”, remata.

Além do Porto e de Lisboa, também Braga vai ser incluída no projecto da Google. A recolha de imagens na cidade começa no Verão.