Foi a 15 de Abril de 2005 que a Orquestra Nacional do Porto marcou o tom do concerto da abertura oficial da Casa da Música. Desde então, a instituição tem procurado a assumir-se como espaço para “toda a música” no Porto, através de uma programação vocacionada para a música erudita, mas onde cabem concertos de Jazz, Rock, World Music e, sobretudo, as noites de Clubbing, com nomes da música electrónica, do Indie e da música experimental.
Ainda assim, há quem ache que se podia ir mais longe. “A Casa da Música exerce fundamentalmente essa função de descoberta de novos talentos na música erudita, que é o seu território prioritário. Nos terrenos da música experimental, fá-lo sobretudo no Clubbing mas estou em crer que podia alargar essa mostra a outros espaços e iniciativas criando ciclos ou festivais para o propósito”, refere André Gomes, dos Dopo.
Ricardo Cibrão, guitarrista dos La La La Resonance, é ainda mais crítico. “No que diz respeito à música ‘popular’, a programação é pobre (tanto em talentos novos como em consagrados) e circunscrita aos Clubbings. Esperar-se-ia uma programação mais aberta ao Jazz, World Music, e claro, o Pop ou ao Rock”, assinala o músico ao JPN.
De Lisboa chega a opinião de Nuno Damião, dos Corsage. Fazendo a comparação entre a Casa de Música e o CCB, o músico admite que este “será talvez menos ecléctico”, se bem que “também aposta em novos valores na área do Jazz e da música erudita”.
Clubbing: “Um espaço para o experimental”
A verdade é que são várias as bandas lusas que se têm revelado nos palcos da Sala 2 e Sala Cyber. “Principalmente no Clubbing” que, segundo André Gomes, conta com um público fidelizado “que se habituou de certa forma a frequentar o evento mesmo sem conhecer de antemão as propostas, o que gera uma dinâmica interessante”.
É também no Clubbing que se apresentam as maiores oportunidades para a música dita experimental. “A Sala Cyber tem apresentado bastantes propostas da música internacional e nacional e criou um núcleo de público que marca sempre presença nessas noites”, acrescenta o músico. O ponto mais fraco é mesmo o “nível baixo do soma”, que “pelos vistos não pode ultrapassar um determinado volume”..
Um problema que não parece incomodar o muito público jovem que acorre às sessões mensais de Clubbing, mas não só.. Do concerto que os La La la Ressonance deram na Sala 2, a propósito do lançamento do primeiro álbum da banda, Ricardo Cibrão guarda “uma amostra de cerca de 200 pessoas do Porto Indie e freak, entre os 25 e os 35 anos”.
“O Porto estava a precisar deste rejuvenescimento, que a juventude voltasse para aqui para aproveitar este espaço que é espectacular”, elogia José Bastos, um dos muitos jovens que o JPN encontrou em mais uma noite de Clubbing.
Mesmo quem vem de Lisboa fica impressionado. António Oliveira, pela primeira vez na Casa da Música, faz um balanço “muito positivo. Principalmente a nível de bandas de bandas e nomes da música alternativa que aqui chegam”, destaca. “É excelente porque consegue reunir vários géneros de música, vários públicos e tudo num só sítio e isso é de extremo interesse”, acrescenta Jorge Alves.
Apesar de tudo, fica o aviso em tempo de festa. “O que acontece no Clubbing já é louvável mas estou certo que a Casa da Música pode e deve fazer mais nestes campos nos tempos próximos”, remata André Gomes.