Multilinguismo, defesa da língua portuguesa no Parlamento Europeu e diversidade cultural foram alguns dos temas discutidos por cinco representantes dos principais partidos concorrentes às eleições europeias, no debate “Europa e políticas culturais”, realizado esta segunda-feira, na FNAC de Santa Catarina.

“Defendemos uma Europa que se entenda no plano económico, político, financeiro, mas onde subsistam as diversidades culturais”. O apelo é do Manuel dos Santos, do Partido Socialista. O deputado e também vice-presidente do Parlamento Europeu classificou ainda como “deplorável” o facto de alguns deputados portugueses falarem em inglês no Parlamento Europeu.

Manuel dos Santos salientou a luta para “impor o português como língua oficial no Parlamento Europeu”, uma opinião partilhada pelos restantes participantes no debate.

Sobre o programa do PS para a defesa das políticas culturais no Parlamento Europeu, Manuel dos Santos destacou o seguimento de um “plano de uma política de cultura no contexto da globalização”, os problemas de mobilidade dos agentes culturais e o multilinguismo como elemento “indispensável” para “permitir que as línguas se mantenham vivas”.

A menos de um mês das eleições (marcadas para 7 de Junho), Diogo Feio, representante do CDS, revelou a importância da defesa da “identidade cultural” da Europa e da aplicação de uma “política subsidiária”. “Para o CDS, a política cultural europeia é um espaço de liberdade, de criatividade e um factor de desenvolvimento”, destaca o deputado.

Fomentar o intercâmbio cultural e fortalecer a identidade europeia são duas das ideias que Mário David, deputado do PSD, expôs no debate, como o que entende ser feito a nível cultural no Parlamento Europeu.

“O Tratado de Lisboa foi ao fundo”

Para José António Gomes, do Partido Comunista, os “agentes culturais deveriam estar em delegações regionais” apoiadas pelo ministério. Referindo-se ao orçamento do Ministério da Cultura para 2009, José António Gomes salientou a importância dos apoios financeiros aos agentes culturais, numa “Europa que pensa cada vez mais à americana”.

Em representação do Bloco de Esquerda (BE), Alda Sousa teceu críticas ao Tratado de Lisboa. “O Tratado de Lisboa foi ao fundo”, considera. A deputada defende a criação de um outro tratado europeu que possa ser emendado no parlamento. A representante do BE destacou ainda a defesa do ensino bilingue para os imigrantes em Portugal. A interculturalidade e a mobilidade são factores que os bloquistas querem defender em Estrasburgo.

Promovido pela Associação de Profissionais de Artes Cénicas, a Plateia, o debate moderado por Inês Nadais, jornalista do Público, chamou a atenção de várias pessoas que se juntaram a assistir. A discussão surge na eminência das três eleições a decorrer este ano. De acordo com a Plateia, vão ser realizados mais dois debates, um para as legislativas e outro para as autárquicas.