Mais solidariedade, mais poupança e uma maior consciência das consequências da crise actual foram os apelos que pautaram o discurso proferido, esta quarta-feira, pelo Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, vencedor do Prémio Pessoa de 2009, durante a cerimónia do Dia da Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP), que teve lugar no Salão Nobre da Instituição.
Prémio Pessoa 2009: “Achei que não era para mim”
“Fiquei absolutamente surpreendido. Nunca me passou pela cabeça, não sou nem extraordinariamente culto, nem influente como as outras pessoas do prémio.” Foi assim que reagiu D.Manuel Clemente, perante a atribuição, na passada sexta-feira, do Prémio Pessoa. “Ao princípio achei que não era para mim. Isso a mim só me responsabiliza, é um encargo a mais”, acrescentou, em declarações aos jornalistas. Educação e solidariedade são algumas das áreas, em que D.Manuel Clemente pretende aplicar o montante de 60 mil euros que irá receber pelo prémio.
O representante da Igreja falou aos estudantes e docentes e aproveitou para citar por várias vezes o discurso de Bento XVI sobre a crise mundial e os Direitos Humanos. À margem da cerimónia, D.Manuel Clemente revelou aos jornalistas classificar a Humanidade como “muito preguiçosa” pois muitos não se apercebem das “consequências da crise”.
O Bispo do Porto alerta para as “grandes assimetrias sociais”, lançando um apelo à reflexão e à solidariedade para fazer da crise actual uma “crise de crescimento”. “Temos efectivamente de ser mais solidários”, enfatizou.
“Se a crise não se resolver ou se houver uma pseudo-resolução, ela depois voltará e será cada vez mais grave”, diz, valorizando a responsabilidade social do Estado e dos cidadãos.
“Momento de grande dignidade”
Por sua vez, na cerimónia, o Presidente do Conselho Directivo da faculdade, José Neves dos Santos, salientou a importância da presença do vencedor do Prémio Pessoa deste ano no Dia da FDUP, um “momento de grande dignidade institucional”.
O responsável pela direcção da Faculdade de Direito aproveitou também a ocasião para fazer um balanço dos últimos cinco anos da instituição, relembrando o “processo difícil” de transição para o modelo de Bolonha, bem como a criação do curso de Criminologia e o aumento de candidatos às diversas licenciaturas.
Para o futuro, a faculdade vai apostar num mestrado na área da Criminologia, já aprovado pelo Reitor da Universidade do Porto, José Marques dos Santos, também presente no evento.