O torneio nacional de debate universitário começa já esta sexta feira (23) e termina no domingo (25), na Reitoria da Universidade do Porto. O JPN falou com Gabriela Werdan, uma das vencedoras da edição anterior, sobre as disparidades que existem entre o número de participantes do género masculino e feminino e Marília Montenegro, organizadora do evento, para saber como funciona o TorNaDu.

Qualquer estudante pode participar no TORNADU, desde que esteja inscrito no Ensino Superior

A competição deste ano realiza-se no Porto. Foto: Francisca Figueiredo

A Universidade do Porto volta a receber, três anos depois, o Torneio Nacional de Debate Universitário (TorNaDu), que se vai realizar entre 23 e 25 de fevereiro. O evento, que conta com 130 inscrições, reúne anualmente alunos universitários de todo o país em várias instituições de ensino.

A competição é composta por cinco rondas eliminatórias, quartos-de-final, semifinais e finais. A partir de 2016, foi criada uma categoria específica – a final de iniciados – para todos os oradores que debatam há menos de um ano ou desde a edição anterior.

No dia 23 de fevereiro às 21h00, arranca a primeira ronda de debates no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). O segundo dia de debates e as semifinais vão acontecer, no sábado (24), na Faculdade de Direito da U.Porto (FDUP), e as finais realizam-se, no último dia (25), na Reitoria da Universidade do Porto. As finais do torneio, que tem como mote “Debater para Crescer”, vão ser transmitidas no Youtube e na página do Instagram do TorNadu. 

No ano passado, a 26 de fevereiro de 2023, Gabriela Werdan e Ana Cláudia Freitas sagraram-se campeãs nacionais do debate universitário. Em entrevista ao JPN, Gabriela Werdan sublinhou as disparidades que existem entre o número de participantes do género masculino e feminino: “Fomos a única equipa totalmente composta por mulheres presente tanto nas rondas eliminatórias (semifinais), como na final”.  

Há muito mais homens do que mulheres a participar e a maior parte das equipas a passar às semifinais são mistas ou 100% masculinas, raramente femininas“, explica. Gabriela Werdan refere ainda que, quando é eleito o top10 de oradores, existem “muito mais homens do que mulheres presentes.” O debate da ronda final do TorNaDu de 2023 foi sobre se existe ou não compatibilidade entre feminismo e maternidade.

Como funciona o TorNaDu?

O TorNaDu é um torneio nacional de debate universitário que, à semelhança do que acontece a nível europeu, é baseado num “modelo britânico”. Em entrevista ao JPN, Marília Montenegro, organizadora do torneio, explicou que este modelo “nasceu de uma ideia muito parecida àquilo que acontece no parlamento britânico” e “tem as suas próprias regras para ser o mais competitivo e justo“. 

A competição anual, normalmente realizada no final de fevereiro, acolhe vários debates que decorrem simultaneamente em diferentes salas, tendo em conta o número elevado de participantes. Apesar de se encontrarem em salas distintas, todas as equipas debatem sobre a mesma moção ou plano de ação. Os temas abordados em cada torneio podem variar desde as “Princesa da Disney a problemas económicos, religião, questões políticas, saúde, educação”, referiu Marília Montenegro.

“Dentro de um debate há sempre quatro equipas, cada uma composta por duas pessoas. Essas equipas jogam cada uma por si e estão divididas naquilo que nós chamamos de casas”: o Governo e a Oposição, explicou. “Por sua vez, cada casa está dividida em duas bancadas: há duas equipas a representar o Governo, que vão apoiar a moção ou plano de ação proposto, e as outras duas equipas a representar a Oposição, que vão estar, obviamente, a opôr-se àquele plano de ação”, afirmou.

De acordo com a organizadora do torneio, os primeiros Governo e Oposição têm menos tempo de preparação do que os segundos. “O segundo Governo e a segunda Oposição têm um bónus por uma questão de competitividade que é trazer uma nova perspectiva. Não podem ter o mesmo argumento. Eles têm sempre que olhar para aquilo de uma forma diferente e provar que essa forma diferente é a mais relevante. E se eles provarem isso, eles vencem. É todos contra todos”, continuou.

Cada ronda de debates, que dura cerca de duas horas, tem três juízes ou adjudicadores. No entanto, na final, este número passa para cinco para que haja um “árbitro” por equipa e um outro elemento para desempatar, caso seja necessário. A estudante de Psicologia refere ainda que “cada um dos oradores tem sete minutos e quinze segundos para fazer o seu discurso”, sendo que cinco minutos desse tempo é ocupado pela discussão em grupo.

O torneio, cuja primeira edição aconteceu em 2012, é organizado pela Sociedade de Debates em parceria com o Conselho Nacional de Debates Universitários (CNADU).

Editado por Inês Pinto Pereira