Eva Azevedo sempre fez desporto, desde ballet a ténis, mas só há dez anos é que começou a ver a dança com outros olhos. Começou a estudar com Marc do Togo e outros dançarinos africanos em Lisboa, fez workshops fora do país e chegou a ir a África duas vezes.
Para Eva Azevedo, formada em Engenharia do Ambiente, a dança é uma ligação entre o ser humano e o divino, usada para pedir que a agricultura corresse bem ou que os pescadores voltassem do mar. “No entanto, tudo isso se foi perdendo, e as danças africanas são das poucas que ainda o preservam”, explica. “Foi isso que me fascinou”, diz a engenheira.
Agora, é a sua vez de ensinar, e leva as danças africanas a grupos muito variados, que vão de crianças de infantário a idosos. Em geral, os alunos reagem bem às danças e não há muitos entraves à aprendizagem.
“A maior dificuldade é mesmo chamar as pessoas”, conta. “Quando vêm, libertam-se logo nas primeiras aulas, e mesmo quando são muito fechadas e envergonhadas conseguem soltar-se”, entende. Mas em Portugal a divulgação não é muita, queixa-se, e quando se ouve falar em danças africanas as pessoas associam sempre ao kizomba e ao kuduro.
Para além das aulas, Eva Azevedo faz ainda parte de três grupos musicais, os Djamboonda, os Mandandza e os Semente, sendo fundadora deste último, juntamente com Paulo das Cavernas. O grupo “surgiu de um sonho de criar uma semente que trouxesse as culturas dos quatro cantos do mundo”, explica, justificando o nome.
A fazer espectáculos um pouco por todo o mundo, Eva Azevedo é acolhida de maneira diferente, consoante o local em que actua e recebe reacções muito diversificadas. “No Porto as pessoas ficam muito espantadas e admiradas. Em Espanha, por exemplo, o público tem outra atitude, são muito mais alegres, mais interactivos, dançam muito mais.”