João Luís entende que a música é um sector marginalizado. Culpa a sociedade, que diz não ter “cultura para aderir a certo tipo de música” e o Estado, “que não tenta incutir essa cultura no público”.
É também essa a opinião de Inês Franco, que acha que “é preciso uma educação para a arte”. Chega a falar mesmo apenas numa “elitezinha” que procura o acesso à cultura. E acha ainda que “o público em geral não tem incutido nele o desejo da cultura e por isso é que o Governo não aposta muito na criação das escolas”, justificando, assim, a falta de variedade artística que Portugal oferece.
Manuel Tur é de opinião contrária. A seu ver, a oferta de ensino público é “mais do que suficiente”. Isto porque “não há mercado”, ou melhor, “o mercado não é assim tão grande para as fornadas de pessoas que saem das escolas profissionais ou licenciadas pelas escolas superiores”.
Ana Isabel vai mais longe ao considerar que “só entrar numa escola superior já por si é quase procurar um emprego” devido à forte competição que existe nesta área. A nível de apoios considera que “é complicadíssimo conseguir uma bolsa de estudo”. Diz que os estudantes de música não têm “apoios das fundações” e, “quando há”, esse apoio é extremamente disputado. Assim sendo, o estudante é obrigado a entrar logo no mercado de trabalho em vez de continuar e desenvolver as suas capacidades, explica.
João Carlos defende que o “governo quer encarar este ensino como qualquer outro ensino” e “aí é que falha, porque é efectivamente um ensino especial”. Não é esta, no entanto, a opinião de Manuel. “O ensino artístico não tem de ser diferente de nenhum dos outros”, admite, considerando que “não tem de haver um tratamento diferente mas tem de haver uma preocupação específica para cada área de estudo superior, seja ela qual for”.