Com os bilhetes esgotados com semanas de antecedência, as expectativas eram altas para o último dia de festival, sábado. Desde a abertura das portas que era notório que este dia atraía muito mais gente do que o anterior. Antes mesmo de se ouvirem os primeiros acordes no palco principal, já muitos se encontravam sentados na relva sintética a guardar lugar para o tão esperado concerto de Pearl Jam.

Coube aos britânicos Gomez dar início às actuações no palco Optimus. As melodias mellow agradaram ao público meio distraído que se balançava ao ritmo da música.

Num registo totalmente diferente decorreu a actuação de Dropkick Murphys. Os punkers de Boston subiram ao palco vestidos de preto e cobertos de tatuagens. Desconhecidas da grande parte do público, as canções ritmadas ornamentadas com instrumentos celta, como a gaita de foles, provocaram os inevitáveis mosh pits e chamaram a atenção do público.

Com o decorrer da noite, cada vez mais espectadores aglomeravam-se em frente ao palco principal, a aguardar o concerto mais esperado de todo o festival, muitas delas com t-shirts dos Pearl Jam. Mas antes da actuação das lendas do grunge, foi a vez de Gogol Bordellomúsica cigana e folclore, cantando “Pala Tute”, “Immigraniada” e “Punk Rock Paranada”.

Enquanto a densidade da plateia do palco principal ia aumentando, as actuações nos outros dois palcos também mostraram ter alguma popularidade. No palco Clubbing, Legendary Tigerman fez-se acompanhar de vozes femininas como Rita Redshoes, Cibelle ou Mafalda Nascimento. No palco Super Bock, a sempre extravagante Peaches deu um espectáculo aparatoso, durante o qual pediu ao público que a segurasse enquanto caminhava sobre a plateia, interpretando canções como “Show Stopper”, “Take you on” e “Serpentine”.

O concerto mais esperado

Quando o momento mais aguardado chegou, já o espaço junto ao palco principal estava completamente ocupado. “Release” foi o tema escolhido para arrancar com a actuação dos Pearl Jam, durante a qual Eddie Vedder se manteve em total sintonia com a multidão que assistia ao concerto.

Lendo em português, a partir de uma folha de papel porque o “português é muito difícil”, o vocalista afirmou: “Obrigado por vir ao nosso último show. Não será o último para sempre, mas o último por muito tempo”. A desilusão face ao anúncio fez-se ouvir. Eddie Vedder apelou a que a noite fosse de diversão, no entanto, já que não saberia quando aconteceria o regresso da banda.

“Nothingman”, “Daughter”, “Black”, “Yellow Ledbetter” e “The Fixer” não faltaram no alinhamento, com a banda a contar com a ininterrupta participação do público. Em “Just Breathe” foi evidente a emoção colectiva vivida no recinto, havendo ainda espaço para uma música em cujo refrão se repetia “Portugal”. O vocalista lamentou não ter tempo para “apanhar umas ondas” no mar português, pois irá regressar para junto da família. Por isso mesmo, pediu aos surfistas presentes para “apanhar” uma onda por ele.

Apesar do mar de gente que povoou a frente do palco principal, Eddie Vedder conseguiu criar uma ligação intimista com o público. Apesar disso, não foi o único elemento da banda que se destacou. Durante “Even Flow”, Mike McCready tocou com a guitarra atrás das costas e deitou-se no chão, recebendo efusivos aplausos.

No final da actuação, o público dispersou, mas os olhares de satisfação eram bastante visíveis. Seguir-se-ia o concerto de LCD Soundsystem, que colocaram os poucos que permaneceram no espaço a dançar ao som de temas como “Drunk Girls”, “Daft Punk is Playing at My House”, “Pow Pow” e “All My Friends”.