Dois brasileiros, dois colombianos e um paraguaio. Foram estes os “culpados” pelos resultados finais dos jogos desta quinta-feira, da Liga Europa, que abrem boas perspectivas para que, a 18 de Maio, duas equipas portuguesas se defrontem na final de Dublin. Da eliminatória entre Benfica e Braga já se sabe que sairá um vencedor luso, mas o mesmo não se podia afirmar da meia-final entre FC Porto e Villarreal. Não se podia, mas, agora, quase que se pode, pois os portistas, com a goleada imposta aos espanhóis, estão em grande vantagem para chegar à final da competição.

Para que esse cenário se construísse, muito contribuíram dois colombianos. Um deles, até vale por “quatro”. Fala-se de Radamel Falcao, ponta-de-lança “azul-e-branco”, que marcou quatro golos no jogo diante do Villarreal e que, com Guarín, transformou um resultado negativo ao intervalo, num outro mais do que positivo. No Estádio da Luz, o Benfica contou com os golos dos sul-americanos Jardel (Brasil) e Cardozo (Paraguai) para alcançar vantagem, ainda que curta, sobre o Braga, que por sua vez teve no brasileiro Vandinho, o autor do tento que ainda faz os arsenalistas acreditarem na presença em Dublin.

Benfica – Sp. Braga (2 – 1)

Este Benfica não parece ter um banco de suplentes à altura dos compromissos da equipa e, ao mínimo sinal de recuperação dado pelos jogadores lesionados, Jorge Jesus não hesita. Convocou Gaitán, César Peixoto e Carlos Martins, que estavam em dúvida para o jogo, e fez logo dos dois últimos, titulares. Os restantes nove foram aqueles em que o técnico benfiquista mais tem apostado. Do lado minhoto, Domingos também aproveitou a recuperação do central Rodríguez, para fazer a defesa voltar à normalidade e, lá na frente, usou Meyong na vaga do castigado Paulo César.

As duas equipas estavam, assim, prontas para se defrontarem, num duelo que já conhecem há muito tempo das andanças internas da liga. Contudo, a partida iniciou e manteve-se, durante quase todo o tempo, com um ritmo muito elevado, nada usual nas provas portuguesas. Exemplo disso é o momento do primeiro lance de perigo: 18 segundos de jogo, com Paulão a fazer um corte que quase dava auto-golo, única forma de parar a pressão inicial do Benfica. A equipa “encarnada” dominou a primeira parte e, na verdade, todo o jogo, mas a meio do primeiro tempo, o futebol praticado era inconsequente. Destaque apenas para Cardozo, que aos 10 minutos viu um golo anulado por fora-de-jogo e, aos 43, rematou ao poste da baliza bracarense.

Se a primeira parte terminou com Cardozo e com ferros, a segunda começou com Cardozo, com ferros e…com golos. Aos 49 minutos, o avançado paraguaio cabeceou ao poste da baliza de Artur e, na recarga, Jardel atirou para o fundo das redes. Estava feito o golo inaugural. Aos 51 minutos, Aimar fez falta, viu amarelo (que o deixa de fora da 2ª mão) e na conversão do livre, Viana colocou a bola na área, onde Vandinho (que também vai ficar de fora da 2ª mão) desviou a bola para o golo do empate, num cabeceamento potente. Aos 58 minutos, Cardozo sentenciou o resultado final e também o melhor período do jogo, através da marcação exemplar de um livre directo, que só parou dentro da baliza minhota. O Braga ainda terminou a partida com alguma pressão sobre a área benfiquista, mas é no Estádio AXA, a 5 de Maio, que os arsenalistas querem ter ainda algo a dizer na eliminatória.

FC Porto – Villarreal (5 – 1)

André Villas-Boas gostou da resposta que Crístian Rodríguez dera no clássico da Taça, diante do Benfica, e apostou, de novo, no extremo uruguaio. Quanto às entradas de Helton e Guarín para o onze inicial, não surpreenderam, porque ambos têm o estatuto de titulares. Com um FC Porto na máxima força e para um jogo digno de “Champions”, faltava um Villarreal forte. Em termos de constituição de jogadores, foi isso que aconteceu, com a dupla atacante Nilmar-Rossi a evidenciar-se.

Na primeira parte, o chamado “submarino amarelo” deu “água pela barba” ao FC Porto. Com uma postura cínica, os espanhóis davam iniciativa de jogo aos portistas, mas com um estilo de jogo “venenoso” lançavam ataques rápidos a explorar o limite do fora-de-jogo. Algo a que a defesa “azul-e-branca” não estava habituada e em que, várias vezes, se viu emaranhada. Logo aos 6 minutos, o veloz Nilmar surgia isolado pela direita, onde só uma defesa atenta de Helton evitou o primeiro golo. Aos 27, foi a vez de Rossi surgir frente ao brasileiro, ultrapassá-lo e rematar para uma baliza deserta onde, no último segundo, surgiu Rolando a impedir o golo. Aparentemente inadiável, esse golo chegou em cima do intervalo, por Cani, de cabeça, num lance onde os centrais portistas estavam fora da grande área, por causa das movimentações adversárias que confundiam as marcações defensivas dos “azuis-e-brancos”.

Parecia tudo do avesso: o FC Porto com o domínio da posse de bola, mas os espanhóis com as melhores oportunidades de golo e, sobretudo, com a vantagem no marcador. Mas também parecia que só uma coisa conseguiria “furar” o “submarino”, para que este metesse água: as “bicadas” de Falcao. Aos 47 minutos da segunda parte, o colombiano sofreu penálti e, chamado a marcar, empatou o resultado. Aos 60, Guarín não quis ficar atrás do compatriota e fez o 2 – 1. Mas o nº 6 portista tinha mesmo que ficar atrás de Falcao. É que, “El Tigre”, um autêntico fenómeno, ainda tinha mais três golos para facturar e juntar aos 11 que já possuía antes da partida. Já leva 15 na Liga Europa e, acima de tudo, leva o FC Porto “ao colo” para a provável presença na final da prova.