Para celebrar o 100.º aniversário do nascimento de John Cage, o coreógrafo Rui Horta, a convite da Casa da Música, criou “Danza Preparata”, uma obra sobre as “Sonatas e Interlúdios” do compositor. Este é o primeiro espetáculo de dança contemporânea que a Casa da Música recebe nos seus palcos e realiza-se já na próxima quarta-feira.

Para Rui Horta, “o desafio era irrecusável”, uma vez que “Cage é incontornável para a história da dança”. Em declarações à agência Lusa, o coreógrafo afirmou que esta é uma forma de dizer que o compositor ainda “está vivo, não está com 100 anos, é muito jovem”.

A coreografia vai ser intepretada pela bailarina italiana Silvia Bertoncelli, “tecnicamente irrepreensível e artisticamente polifacetada”, segundo Rui Horta. No piano, será Rolf Hind a tocar as “Sonatas e Interlúdios”. Diz o coreógrafo que este é um “intérprete magistral das obras para piano preparado de Cage”.

A obra combina, assim, as sonoridades de um piano preparado (instrumento alterado para modificar o som tradicional) com o movimento corporal. Faltava, portanto, também um “corpo preparado”, que vai ser “emprestado” ao coreógrafo pela bailarina italiana.

“Sonatas e Interlúdios”, composta entre 1946 e 1948, é uma obra de referência do compositor norte-americano. As sonoridades oscilam entre as influências da música ocidental e da oriental e tentam a exploração do aleatório. Diz Rui Horta que, ainda hoje, se verifica o radicalismo conceptual de John Cage, pelo que o compositor é “completamente controverso”. No entanto, o coreógrafo não deixa de considerar que esse “é o melhor elogio que se pode fazer a uma pessoa que já faleceu”.

“Danza Preparata” estreia a 11 de abril na Casa da Música, pelas 21h00, na sala Suggia. Depois, segue para o Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, no dia 14 e, a 29 de abril, para Lisboa, onde será apresentada no auditório da Fundação Calouste Gulbenkian.